Tudo parece tão perto e tão longe.
O dia-a-dia não incomoda, mas cansa.
O tempo não é mal gasto, mas é escasso.
Os planos existem, mas são só rascunhos.
Há jeito, mas não há força.
O sonho é doce, mas falta sabor.
Algumas vezes há caminhos, mas não há direção.
Em outras, há destino, mas não há percurso.
Há signo, mas não há significado.
Há muita razão, mas há pouco sentimento.
Há coração, mas ele é de lata...
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sábado, 21 de junho de 2008
sábado, 26 de janeiro de 2008
PR 43 - SP 11
Diário de bordo
Londrina, 25 de janeiro de 2008, 7h
O visor do celular marca "VIVO PR 43". Cheguei em Londrina já com o dia claro. Embora tenha havido paradas, consegui dormir em boa parte da viagem. Ouvi muita música no celular e no mp3 - músicas que me fizeram lembrar sensações e sentimentos que me trouxeram aqui.
Na rodoviária, uma simpática faixa da UEL recepcionava os calouros com boas vindas e indicava como chegar até a Universidade, usando as linhas de ônibus. Fiquei surpreendido, mas não deveria: a UEL é uma instituição que se preocupa muito com os alunos, ao que parece.
Fui tomar um café, essa bebida tão gostosa e que é fruto da terra - Londrina já foi uma das maiores produtoras de café do Brasil. Na hora de pagar a bebida, uma surpresa: custou só R$ 0,80. Um sinal do baixo custo de vida, comparado a São Paulo.
E um sinal também que os protestos veementes de moradores e principalmente de estudantes pelo que consideram um preço abusivo nos ônibus: R$ 2,00. Considerando o custo de vida da cidade, o preço é realmente alto - pouco menos do que os R$ 2,30 que pagamos em São Paulo.
Em um aspecto, Londrina e São Paulo são muito parecidos: pegar ônibus às 7h30 da manhã é sinônimo de lotação. Bom, talvez não tanta quanto em alguns ônibus de São Paulo, mas ainda assim, bem cheio. Não foi difícil reconhecer a UEL quando chegamos. Confirmei com o cobrador e desci, junto com muitos outros estudantes na mesma situação.
Fiz a matrícula tranqüilamente. Demorou algum tempo na fila, mas a organização foi tamanha quue esse não foi um problema, definitivamente. Ao entrar na sala onde seria feita a matrícula, cada aluno recebia uma senha, que seria chamada em um painel eletrônico. Para esperar, muitas cadeiras à disposição. Tudo organizado.
Na saída, os veteranos - muitas mulheres, por sinal - perguntavam o curso. Uma delas olhou para mim e falou: "você é jornalismo, não é?". Eu nem precisava responder que sim: calça jeans, camiseta sem estampas, cabelo curto, barba por fazer e óculos. Estava escrito na minha cara - ainda não literalmente - que eu faria jornalismo.
Eram duas meninas e um cara. Perguntaram de onde eu era, enquanto pintavam minha cara e meu braço com batom e tinta guache. Respondi que era de São Paulo, e uma delas disse que eu gostaria de Londrina. "Já gosto", respondi.
Voltei para a rodoviário ainda pintado, para tentar trocar a minha passagem - marcada para as 21h30 - por uma que tivesse um horário mais cedo - de preferência, o próximo ônibus, às 11h10. Era 10h25. "Só tem um lugar". "É o meu". Troquei a passagem e fui limpar o rosto.
Encontrei um outro estudante limpando o rosto. Ele também faria jornalismo e também chamava Felipe. Conversamos um pouco e ele me contou que era de São Paulo e que ainda esperava o resultado da UNESP para saber se viria definitivamente para Londrina.
Conversamos um pouco sobre universidades, expectativas, as cidades. Disse a ele que ainda esperava o resultado da Fuvest para também definir a minha vida. Ele iria no ônibus das
13h, disse que ia almoçar um hanbuerguer muito bom que tinha ali perto. Nos despedimos, desejando boa sorte um ao outro.
O lugar que tinha sobrado no ônibus era o pior, claro: poltrona 40, a última, ao lado do banheiro. Mas tudo bem, ao menos chegaria logo em casa e não precisaria ficar zanzando em Londrina sem ter dinheiro para fazer alguma coisa. E ao menos uma mulher ficou ao meu lado - uma menina, eu diria.
Dormi boa parte de viagem, terminei de ler Cem escovadas antes de ir para a camaI, de Melissa Panarello e comecei a ler outro livro. Cheguei em São Paulo pouco antes das 18h30, quando a noite começava a se desenhar no céu da capital paulista.
Era 18h30 e eu tinha passado praticamente 15 horas do dia em um ônibus, contando desde as 23:30 do dia anterior, quando tinha partido dali mesmo. Cheguei em Londrina às 7 da manhã, parti às 11h10. Quatro horas na bela cidade, e mais de meio dia dentro do ônibus.
Matrícula garantida, paixão por Londrina renovada, pulmões cheios de esperança, depois de respirar os ares do novo na cidade chamada de "capital do norte do Paraná". Este será um ano muito bom, eu posso sentir. Mesmo que eu não saiba onde estarei daqui a um mês, no dia 25 de fevereiro, data de início das aulas.
O visor do celular, agora, marca "VIVO SP 11". Daqui a um mês saberei se o visor ainda estará marcando a mesma mensagem ou se voltará a marcar aquela do início deste texto.
Londrina, 25 de janeiro de 2008, 7h
O visor do celular marca "VIVO PR 43". Cheguei em Londrina já com o dia claro. Embora tenha havido paradas, consegui dormir em boa parte da viagem. Ouvi muita música no celular e no mp3 - músicas que me fizeram lembrar sensações e sentimentos que me trouxeram aqui.
Na rodoviária, uma simpática faixa da UEL recepcionava os calouros com boas vindas e indicava como chegar até a Universidade, usando as linhas de ônibus. Fiquei surpreendido, mas não deveria: a UEL é uma instituição que se preocupa muito com os alunos, ao que parece.
Fui tomar um café, essa bebida tão gostosa e que é fruto da terra - Londrina já foi uma das maiores produtoras de café do Brasil. Na hora de pagar a bebida, uma surpresa: custou só R$ 0,80. Um sinal do baixo custo de vida, comparado a São Paulo.
E um sinal também que os protestos veementes de moradores e principalmente de estudantes pelo que consideram um preço abusivo nos ônibus: R$ 2,00. Considerando o custo de vida da cidade, o preço é realmente alto - pouco menos do que os R$ 2,30 que pagamos em São Paulo.
Em um aspecto, Londrina e São Paulo são muito parecidos: pegar ônibus às 7h30 da manhã é sinônimo de lotação. Bom, talvez não tanta quanto em alguns ônibus de São Paulo, mas ainda assim, bem cheio. Não foi difícil reconhecer a UEL quando chegamos. Confirmei com o cobrador e desci, junto com muitos outros estudantes na mesma situação.
Fiz a matrícula tranqüilamente. Demorou algum tempo na fila, mas a organização foi tamanha quue esse não foi um problema, definitivamente. Ao entrar na sala onde seria feita a matrícula, cada aluno recebia uma senha, que seria chamada em um painel eletrônico. Para esperar, muitas cadeiras à disposição. Tudo organizado.
Na saída, os veteranos - muitas mulheres, por sinal - perguntavam o curso. Uma delas olhou para mim e falou: "você é jornalismo, não é?". Eu nem precisava responder que sim: calça jeans, camiseta sem estampas, cabelo curto, barba por fazer e óculos. Estava escrito na minha cara - ainda não literalmente - que eu faria jornalismo.
Eram duas meninas e um cara. Perguntaram de onde eu era, enquanto pintavam minha cara e meu braço com batom e tinta guache. Respondi que era de São Paulo, e uma delas disse que eu gostaria de Londrina. "Já gosto", respondi.
Voltei para a rodoviário ainda pintado, para tentar trocar a minha passagem - marcada para as 21h30 - por uma que tivesse um horário mais cedo - de preferência, o próximo ônibus, às 11h10. Era 10h25. "Só tem um lugar". "É o meu". Troquei a passagem e fui limpar o rosto.
Encontrei um outro estudante limpando o rosto. Ele também faria jornalismo e também chamava Felipe. Conversamos um pouco e ele me contou que era de São Paulo e que ainda esperava o resultado da UNESP para saber se viria definitivamente para Londrina.
Conversamos um pouco sobre universidades, expectativas, as cidades. Disse a ele que ainda esperava o resultado da Fuvest para também definir a minha vida. Ele iria no ônibus das
13h, disse que ia almoçar um hanbuerguer muito bom que tinha ali perto. Nos despedimos, desejando boa sorte um ao outro.
O lugar que tinha sobrado no ônibus era o pior, claro: poltrona 40, a última, ao lado do banheiro. Mas tudo bem, ao menos chegaria logo em casa e não precisaria ficar zanzando em Londrina sem ter dinheiro para fazer alguma coisa. E ao menos uma mulher ficou ao meu lado - uma menina, eu diria.
Dormi boa parte de viagem, terminei de ler Cem escovadas antes de ir para a camaI, de Melissa Panarello e comecei a ler outro livro. Cheguei em São Paulo pouco antes das 18h30, quando a noite começava a se desenhar no céu da capital paulista.
Era 18h30 e eu tinha passado praticamente 15 horas do dia em um ônibus, contando desde as 23:30 do dia anterior, quando tinha partido dali mesmo. Cheguei em Londrina às 7 da manhã, parti às 11h10. Quatro horas na bela cidade, e mais de meio dia dentro do ônibus.
Matrícula garantida, paixão por Londrina renovada, pulmões cheios de esperança, depois de respirar os ares do novo na cidade chamada de "capital do norte do Paraná". Este será um ano muito bom, eu posso sentir. Mesmo que eu não saiba onde estarei daqui a um mês, no dia 25 de fevereiro, data de início das aulas.
O visor do celular, agora, marca "VIVO SP 11". Daqui a um mês saberei se o visor ainda estará marcando a mesma mensagem ou se voltará a marcar aquela do início deste texto.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
Destino: desconhecido
O ano inteiro eu tive um só objetivo: passar no vestibular. Qualquer outro considerei como secundário, menor, menos importante. Por isso, os três leitores desse blog certamente perceberam que estive monotemático nos últimos meses. Principalmente a partir de novembro, quando a dedicação ao vestibular aumentou violentamente.
Passada o notal e ano novo com a cabeça na segunda fase, um período de descanso com a consciência lembrando o tempo todo da necessidade de estudar, é chagado o pior momento de todos no ano: um mês de agonizante espera. Chamei-o, ainda no ano passado, de purgatório. Não se sabe se o carnaval terá motivos para ser no céu ou no inferno - até porque esse ano a Fuvest irá divulgar os resultados depois das festanças. Será que haverá motivos para pular o carnaval?
Fato é que o destino Londrina poderá ser definido a partir de quinta-feira. Será quando os resultados da UEL serão divulgados. E ali começa a definição de um ano que não consigo imaginar ainda. Uma vida em Londrina, longe da cidade que nasci, cresci e que amo? Pode ser que sim, porque "a capital do norte do Paraná" oferece muitos atrativos. Além da Universidade em si, há o encanto de uma cidade grande com ares de interior. Há a organização que São Paulo jamais poderá ter. As mulheres, atraentes como estrelas em noite de luar.
Mas há também São Paulo. A esperança de permanecer na cidade-caos, a cidade cinza, capital financeira do país, centro cultural intenso, mercado de trabalho dinâmico e ávido, custo de vida elevado. O principal atrativo, neste caso, é a maior Universidade do país, uma das mais consagradas. Além do óbvio: manter-se na cidade natal, com os contatos que já existem e onde a carreira começou, onde moram a maioria dos amigos e onde a família fica perto.
Esse será um ano diferente dos outros, certamente. E um ano que não pode ser previsto: só pode ser vivido. Daqui a um mês, quando tudo já estiver definido, pode ser que eu consiga enxergar como será até dezembro. Hoje, o fato é que qualquer previsão é impossível.
Passada o notal e ano novo com a cabeça na segunda fase, um período de descanso com a consciência lembrando o tempo todo da necessidade de estudar, é chagado o pior momento de todos no ano: um mês de agonizante espera. Chamei-o, ainda no ano passado, de purgatório. Não se sabe se o carnaval terá motivos para ser no céu ou no inferno - até porque esse ano a Fuvest irá divulgar os resultados depois das festanças. Será que haverá motivos para pular o carnaval?
Fato é que o destino Londrina poderá ser definido a partir de quinta-feira. Será quando os resultados da UEL serão divulgados. E ali começa a definição de um ano que não consigo imaginar ainda. Uma vida em Londrina, longe da cidade que nasci, cresci e que amo? Pode ser que sim, porque "a capital do norte do Paraná" oferece muitos atrativos. Além da Universidade em si, há o encanto de uma cidade grande com ares de interior. Há a organização que São Paulo jamais poderá ter. As mulheres, atraentes como estrelas em noite de luar.
Mas há também São Paulo. A esperança de permanecer na cidade-caos, a cidade cinza, capital financeira do país, centro cultural intenso, mercado de trabalho dinâmico e ávido, custo de vida elevado. O principal atrativo, neste caso, é a maior Universidade do país, uma das mais consagradas. Além do óbvio: manter-se na cidade natal, com os contatos que já existem e onde a carreira começou, onde moram a maioria dos amigos e onde a família fica perto.
Esse será um ano diferente dos outros, certamente. E um ano que não pode ser previsto: só pode ser vivido. Daqui a um mês, quando tudo já estiver definido, pode ser que eu consiga enxergar como será até dezembro. Hoje, o fato é que qualquer previsão é impossível.
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