Diário de bordo
Londrina, 25 de janeiro de 2008, 7h
O visor do celular marca "VIVO PR 43". Cheguei em Londrina já com o dia claro. Embora tenha havido paradas, consegui dormir em boa parte da viagem. Ouvi muita música no celular e no mp3 - músicas que me fizeram lembrar sensações e sentimentos que me trouxeram aqui.
Na rodoviária, uma simpática faixa da UEL recepcionava os calouros com boas vindas e indicava como chegar até a Universidade, usando as linhas de ônibus. Fiquei surpreendido, mas não deveria: a UEL é uma instituição que se preocupa muito com os alunos, ao que parece.
Fui tomar um café, essa bebida tão gostosa e que é fruto da terra - Londrina já foi uma das maiores produtoras de café do Brasil. Na hora de pagar a bebida, uma surpresa: custou só R$ 0,80. Um sinal do baixo custo de vida, comparado a São Paulo.
E um sinal também que os protestos veementes de moradores e principalmente de estudantes pelo que consideram um preço abusivo nos ônibus: R$ 2,00. Considerando o custo de vida da cidade, o preço é realmente alto - pouco menos do que os R$ 2,30 que pagamos em São Paulo.
Em um aspecto, Londrina e São Paulo são muito parecidos: pegar ônibus às 7h30 da manhã é sinônimo de lotação. Bom, talvez não tanta quanto em alguns ônibus de São Paulo, mas ainda assim, bem cheio. Não foi difícil reconhecer a UEL quando chegamos. Confirmei com o cobrador e desci, junto com muitos outros estudantes na mesma situação.
Fiz a matrícula tranqüilamente. Demorou algum tempo na fila, mas a organização foi tamanha quue esse não foi um problema, definitivamente. Ao entrar na sala onde seria feita a matrícula, cada aluno recebia uma senha, que seria chamada em um painel eletrônico. Para esperar, muitas cadeiras à disposição. Tudo organizado.
Na saída, os veteranos - muitas mulheres, por sinal - perguntavam o curso. Uma delas olhou para mim e falou: "você é jornalismo, não é?". Eu nem precisava responder que sim: calça jeans, camiseta sem estampas, cabelo curto, barba por fazer e óculos. Estava escrito na minha cara - ainda não literalmente - que eu faria jornalismo.
Eram duas meninas e um cara. Perguntaram de onde eu era, enquanto pintavam minha cara e meu braço com batom e tinta guache. Respondi que era de São Paulo, e uma delas disse que eu gostaria de Londrina. "Já gosto", respondi.
Voltei para a rodoviário ainda pintado, para tentar trocar a minha passagem - marcada para as 21h30 - por uma que tivesse um horário mais cedo - de preferência, o próximo ônibus, às 11h10. Era 10h25. "Só tem um lugar". "É o meu". Troquei a passagem e fui limpar o rosto.
Encontrei um outro estudante limpando o rosto. Ele também faria jornalismo e também chamava Felipe. Conversamos um pouco e ele me contou que era de São Paulo e que ainda esperava o resultado da UNESP para saber se viria definitivamente para Londrina.
Conversamos um pouco sobre universidades, expectativas, as cidades. Disse a ele que ainda esperava o resultado da Fuvest para também definir a minha vida. Ele iria no ônibus das
13h, disse que ia almoçar um hanbuerguer muito bom que tinha ali perto. Nos despedimos, desejando boa sorte um ao outro.
O lugar que tinha sobrado no ônibus era o pior, claro: poltrona 40, a última, ao lado do banheiro. Mas tudo bem, ao menos chegaria logo em casa e não precisaria ficar zanzando em Londrina sem ter dinheiro para fazer alguma coisa. E ao menos uma mulher ficou ao meu lado - uma menina, eu diria.
Dormi boa parte de viagem, terminei de ler Cem escovadas antes de ir para a camaI, de Melissa Panarello e comecei a ler outro livro. Cheguei em São Paulo pouco antes das 18h30, quando a noite começava a se desenhar no céu da capital paulista.
Era 18h30 e eu tinha passado praticamente 15 horas do dia em um ônibus, contando desde as 23:30 do dia anterior, quando tinha partido dali mesmo. Cheguei em Londrina às 7 da manhã, parti às 11h10. Quatro horas na bela cidade, e mais de meio dia dentro do ônibus.
Matrícula garantida, paixão por Londrina renovada, pulmões cheios de esperança, depois de respirar os ares do novo na cidade chamada de "capital do norte do Paraná". Este será um ano muito bom, eu posso sentir. Mesmo que eu não saiba onde estarei daqui a um mês, no dia 25 de fevereiro, data de início das aulas.
O visor do celular, agora, marca "VIVO SP 11". Daqui a um mês saberei se o visor ainda estará marcando a mesma mensagem ou se voltará a marcar aquela do início deste texto.
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sábado, 26 de janeiro de 2008
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Diário de bordo PR - 43
São Paulo, 24 de janeiro de 2007, 23h
Entro na última hora do dia 24 aqui na Rodoviária. É feriado em São Paulo no dia 25 e, por isso, a rodoviária tem grande movimento. A plataforma 17, onde vou embarcar, está cheia. Muita gente que vai sobretudo para Londrina, o principal destino.
Há um número considerável de japoneses. Em Londrina existe uma importante colônia nipônica, talvez só menos importante que São Paulo - a maior colônia janponesa fora do Japão.
O meu ônibus é o último a sair. Vou cortar a noite, atravessá-la dentro do ônibus e acordar com Londrina na janela. Já vi dois ônibus partirem da minha plataforma de embarque. Cheguei cedo aqui porque não aguentava mais ficar em casa. Uma ansiedade mde atiça os pêlos do corpo de um jeito estranho. Talvez seja porque o caminho para uma mudança radical na minha vida, mas tenho a impressão de fazê-la no escuro.
Olho para o horizonte sem saber como será a minha vida daqui a um mês. Não sei nem como será amanhã, perambulando por uma cidade que nem conheço bem.
Talvez essa sensação seja fruto de mais uma mudança - algo que passou a ser freqüente nos últimos dois anos. Mudei de emprego três vezes. Na última, abandonei o trabalho fixo para me tornar freelancer, para ter mais tempo para estudar e passar no vestibular - o objetivo principal do meu ano.
Esta, porém, seria a maior mudança de todas. Outra cidade, outra universidade, longe de família e amigos. O ônibus que estava na plataforma saiu. O meu acabou de chegar. Tenho que ir.
Entro na última hora do dia 24 aqui na Rodoviária. É feriado em São Paulo no dia 25 e, por isso, a rodoviária tem grande movimento. A plataforma 17, onde vou embarcar, está cheia. Muita gente que vai sobretudo para Londrina, o principal destino.
Há um número considerável de japoneses. Em Londrina existe uma importante colônia nipônica, talvez só menos importante que São Paulo - a maior colônia janponesa fora do Japão.
O meu ônibus é o último a sair. Vou cortar a noite, atravessá-la dentro do ônibus e acordar com Londrina na janela. Já vi dois ônibus partirem da minha plataforma de embarque. Cheguei cedo aqui porque não aguentava mais ficar em casa. Uma ansiedade mde atiça os pêlos do corpo de um jeito estranho. Talvez seja porque o caminho para uma mudança radical na minha vida, mas tenho a impressão de fazê-la no escuro.
Olho para o horizonte sem saber como será a minha vida daqui a um mês. Não sei nem como será amanhã, perambulando por uma cidade que nem conheço bem.
Talvez essa sensação seja fruto de mais uma mudança - algo que passou a ser freqüente nos últimos dois anos. Mudei de emprego três vezes. Na última, abandonei o trabalho fixo para me tornar freelancer, para ter mais tempo para estudar e passar no vestibular - o objetivo principal do meu ano.
Esta, porém, seria a maior mudança de todas. Outra cidade, outra universidade, longe de família e amigos. O ônibus que estava na plataforma saiu. O meu acabou de chegar. Tenho que ir.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
London Bridge
Passei a minha infância morando em rua com nome de Coronel, mas próximo às ruas Oxford, Pall Mall e Londres. Na faculdade, um amigo meu dizia que eu era londrino, porque andava de camiseta enquanto todo mundo morria de frio nas suas blusas. Quando resolvi fazer jornalismo para aquietar a minha vontade incontrolável de ser jornalista e não passei no primeiro ano de vestibular, resolvi prestar o vestibular da UEL, em Londrina. Agora, vou para lá fazer a matrícula, enquanto espero pelo resultado de São Paulo.
Talvez eu não vá mais morar perto da rua Londres, mas estarei em londrina. Eu não sou londrino, mas posso vir a ser londrinense. Nunca fui a Londres, mas Londrina, já é a terceira vez. E, ainda, talvez Londrina seja a cidade que vai presenciar a minha mudança, oficialmente falando, de profissão. Bom, talvez não profissionalmente, ao menos no começo. Mas ao menos em termos acadêmicos.
Serão dois dias dormindo no ônibus: um na ida e outro na volta. Tudo para gastar o quanto menos for possível. Passarei algumas horas em Londrina, onde talvez eu passe os próximos anos da minha vida. A aventura começa aqui. E aí, talvez, o nome do blog não seja mais propício. Porque se tem uma coisa que Londrina não tem, isso é caos. Cidade grande sim, caos não. Talvez só permaneçam as minhhas intermináveis crises.
Me sinto em uma tarde nebulosa de Londres, com a fog a tapar os olhos. Não consigo enxergar um palmo à frente do meu futuro. Daqui a um mês, a vida é um mistério para mim. Que venha o melhor.
Talvez eu não vá mais morar perto da rua Londres, mas estarei em londrina. Eu não sou londrino, mas posso vir a ser londrinense. Nunca fui a Londres, mas Londrina, já é a terceira vez. E, ainda, talvez Londrina seja a cidade que vai presenciar a minha mudança, oficialmente falando, de profissão. Bom, talvez não profissionalmente, ao menos no começo. Mas ao menos em termos acadêmicos.
Serão dois dias dormindo no ônibus: um na ida e outro na volta. Tudo para gastar o quanto menos for possível. Passarei algumas horas em Londrina, onde talvez eu passe os próximos anos da minha vida. A aventura começa aqui. E aí, talvez, o nome do blog não seja mais propício. Porque se tem uma coisa que Londrina não tem, isso é caos. Cidade grande sim, caos não. Talvez só permaneçam as minhhas intermináveis crises.
Me sinto em uma tarde nebulosa de Londres, com a fog a tapar os olhos. Não consigo enxergar um palmo à frente do meu futuro. Daqui a um mês, a vida é um mistério para mim. Que venha o melhor.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Destino: Londrina?
Ontem tive o primeiro resultado dos vestibulares. Na lista de 12 (?!) classificados para o curso de jornalismo noturna da UEL, lá está o meu nome. A primeira ansiedade passou e uma certeza eu já tenho para 2008: vou cursar jornalismo!
São apenas 12 os privilegiados porque lá na UEL há cotas, e vc só concorre dentro delas. São três cotas: negros (desde que tenham estudado desde a 5ª série em escola pública), alunos de escola pública (o critério é o mesmo da cota de negros) e os "sem cota", chamadas "vagas universais". Este é o meu grupo.
Mudar da cidade-cinza, São Paulo, para uma cidade muito mais calma, Londrina. A cidade é chamada de "capital do norte do Paraná", por ser uma das maiores cidades e com maior força econômica.
A beleza é uma característica da cidade paranaense. Londrina possui um lago que atravessa a cidade que é belíssimo. As pessoas correm e praticam esportes ao redor dele. Em plena cidade! Algo que já aconteceu em São Paulo. Ao menos antes de o rio Tietê ser um esgoto a céu aberto...
Fato é que Londrina é uma cidade muito agradável. O custo de vida é menor, ainda que seja uma cidade grande. Isso porque tem ares de interior, ao menos para quem é paulistano como eu. A cidade possui quase 500 mil habitantes, segundo estimativa da Secretaria de Planejamento londrinense. Uma cidade grande, mas perto dos 11 milhões de habitantes de São Paulo, até parece pouco.
Fato é que até o dia 7/2, quando sai o resultado da Fuvest, o meu destino provisório é Londrina. As preocupações que já me rodeiam em São Paulo - trabalho para 2008, por exemplo -, me perturbam agora também para Londrina. Além do óbvio: moradia. Mas isso é melhor pensar depois...
São apenas 12 os privilegiados porque lá na UEL há cotas, e vc só concorre dentro delas. São três cotas: negros (desde que tenham estudado desde a 5ª série em escola pública), alunos de escola pública (o critério é o mesmo da cota de negros) e os "sem cota", chamadas "vagas universais". Este é o meu grupo.
Mudar da cidade-cinza, São Paulo, para uma cidade muito mais calma, Londrina. A cidade é chamada de "capital do norte do Paraná", por ser uma das maiores cidades e com maior força econômica.
A beleza é uma característica da cidade paranaense. Londrina possui um lago que atravessa a cidade que é belíssimo. As pessoas correm e praticam esportes ao redor dele. Em plena cidade! Algo que já aconteceu em São Paulo. Ao menos antes de o rio Tietê ser um esgoto a céu aberto...
Fato é que Londrina é uma cidade muito agradável. O custo de vida é menor, ainda que seja uma cidade grande. Isso porque tem ares de interior, ao menos para quem é paulistano como eu. A cidade possui quase 500 mil habitantes, segundo estimativa da Secretaria de Planejamento londrinense. Uma cidade grande, mas perto dos 11 milhões de habitantes de São Paulo, até parece pouco.
Fato é que até o dia 7/2, quando sai o resultado da Fuvest, o meu destino provisório é Londrina. As preocupações que já me rodeiam em São Paulo - trabalho para 2008, por exemplo -, me perturbam agora também para Londrina. Além do óbvio: moradia. Mas isso é melhor pensar depois...
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