segunda-feira, 13 de abril de 2009

O custo das escolhas

Desde que decidi fazer jornalismo, penso no que isso significou na minha vida. Abandonar uma carreira para começar outra. Mais do que isso: deixar o trabalho em segundo plano para apostar na mera possibilidade de isso acontecer: era a época de cursinho.

Já tinha aberto mão de salário mais alto por um emprego que achava que era mais interessante do ponto de vista de carreira. Mas abrir mão da carreira era um passo maior. Muito maior. Era começar do zero, investir em outra vida. E isso tem um (alto) custo.

Lendo alguns dos capítulos iniciais do livro "Introdução à Economia", da N. Gregory Mankiw, da Universidade de Harvard, encontrei um conceito dos mais interessantes para serem aplicados na vida. Aliás, estudando esses conceitos, eles parecem mesmo muito próximos da vida cotidiana - ao menos os básicos.


Ao ler o livro de Mankiw, descobri que isso tem um nome formal e está na teoria econômica. No primeiro capítulo, Mankiw explica dez princípios básicos da esconomia. O segundo é descrito por ele como: "o custo de alguma coisa é do que você desiste para obtê-la". O título já fez todo sentido para mim.

Jornalismo para mim custou uma carreira. Uma carreira que eu já tinha começado a traçar, desenhar e trilhar. Foi abrir mão de um salário que já me deixava confortável, que me permitiria coisas que hoje eu nem posso pensar.

Vejo, por exemplo, amigos meus comprando carro. Algo que eu já tinha feito, mas tive que abrir mão. Vejo eles terem tempo para outras coisas que eu, como estudante, não consigo ter. Vejo eles em outro estágio da carreira, que eu abri mão de estar.

Esse foi o meu custo oportunidade. Foi o que eu deixei para trás para entrar em jornalismo. Era um custo calculado - sabia que, no mínimo, adiaria por alguns anos. Mas o risco não tinha só perdas. Tinha acertos.

Fazendo jornalismo, tive a chance de, no primeiro mês como estudante do curso, estar em uma redação dos maiores jornais do país para fazer um freelance. Tive a chance de começar na profissão que eu tanto quis. Um caminho novo, que me dá mais motivação, mais prazer em trabalhar - ainda que o salário ainda esteja muito longe do que eu ganhava antes de entrar na carreira.

O melhor, porém, veio no melhor jeito possível. Ao entrar em jornalismo, exatamente nessa turma, em 2008, descobri pessoas incríveis. Colegas que se tornaram amigos, pessoas que, cada vez mais, fazem diferença. Não esperava uma turma tão unida, tão alegre, tão divertida, tão inteligente, tão inesquecível - e em tão pouco tempo.

O custo oportunidade, no meu caso, foi muito alto. Mas o risco valeu - e valeu muito.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Mortadela, jornalismo e Che

Poderia ser um domingo qualquer, com o descanso e a tranquilidade que eu, confesso, gosto muito. Acordar tarde, tomar café tardia e preguiçosamente. Ver a reprise da Fórmula 1... De repente, uma ligação para realizarmos o que tínhamos planejado: visita ao mercadão e misturar jornalismo e mortadela.

Primeiro, estar com ela é sempre um prazer, por tudo que ela é - e que não vou me arriscar a descrever, para não reduzir demais suas qualidades. E com a companhia de mais um amigo, mais dela do que meu, aniversariante. E lá fomos nós, passear pelo centro de São Paulo.

Largo São Bento, Vinte e Cinco de Março, Mercadão. Lá estávamos nós, em busca de conhecer mais sobre aquele gigante arquitetônico cheio de delícias, frutas e iguarias. E com algo surpreendente: jornalismo em debate. Mas antes, a mortadela.

MEsas tomadas por muitas e muitas pessoas. O programa de ir ao Mercadão é realmente ótimo, especialmente em um domingo. Um bom lugar para conhecer, ver, sentir, comer. Sim, comer. Aquele sanduíche famoso de mortadela é, realmente, tudo isso (inclusive o preço, um tanto alto).

Depois, alguns grandes nomes do jornalismo, com seus respectivos livros, e uma proposta de debate. Com um público quase que só de estudantes, o debate ficou com cara de palestra, com toques, sugestões e alguns poucos "causos". Interessante, de qualquer forma.

Batidas do relógio da igreja. É a chuva que se anuncia, bem a tempo de chegarmos no coberto. Do centro histórico para o centro comercial, quiçá financeiro: Avenida Paulista. Encontro e desencontro com amigos e a idéia do cinema: Che.


Filme interessante, longo, com histórias curiosas, interessante que tornam uma das figuras mais conhecidas do mundo uma pessoa comum. Che, do anonimado e do rosto limpo até a glória com a boina e a barba grande. Uma narrativa com datas, mas construídas aos poucos, tudo junto e misturado.


Fim de noite, com um domingo para se lembrar. Porque como bem citou um dos jornalistas presentes no mercadão, Bagriel Garcia Marques disse certa vez: "a vida não é o que vivemos, mas aquilo que nos recordamos".