quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Sonhos da realidade - ou conto de carnaval

Acordei pensando no que faríamos hoje. Provavelmente um café da manhã com brincadeiras ritmadas, batendo na mesa e fazendo movimentos de acampamento, ensinados pela Midori.

Depois, quem sabe, um pouco de jogos como Enciclopédia ou Scotland Yard. Mais tarde, poderíamos caminhar, ser teimosos e seguir por caminhos que nem sabemos onde vai dar - mas insistimos em querer adivinhar, mesmo sabendo que pode dar tudo errado. Não é, Fontes?

Sentir o mundo desabar em chuva temporal, vendo as pedrinhas de gelo caírem e formarem uma camada branca sobre os carros, a grama e tudo que se vê no horizonte. Dizer que fomos para Bariloche, quando nem saímos do estado. Brincar no granizo. Jogar para cima, quase queimar a mão no gelo, ficar com os pés tão gelados de andar sobre o granizo que mal os sentimos.

Quando a tarde cair, vamos partir para um almoço com alguma tentativa de delícia, como pizza com alcaparras, churrasco ou strogonoff. Quando a noite estiver se aproximando, podemos pegar o violão e deixar o Fabers e a Savi soltarem a voz, enquanto cantamos com eles - baixinho, para podermos ouvir as vozes deles mais alto.

Podemos comer mais tentativas de delícia, salgadinhos, beber vinho, comer fundue. Gritar "balada de cueca e meia", jogar mímica, sentir frio, se apertar em um único sofá-cama, mesmo tendo mais espaço.

Quando estivermos todos juntos, jogar en-tra no rit-mo, ensinados pela Alice, que insiste em falar groselhas, querer cantar e estragar músicas e tocar Songbird, achando que realmente toca violão - e, ironicamente, nos fazer gostar cada vez mais dela.

Ouvir dos pais dela que a gente deveria sair - e nós rirmos, porque curtimos estar juntos, mesmo sem sair todos os dias - exceção a uma noite, que fomos na cidade comer chocolate e ver o agito. Algo que nem demorou, porque nos divertimos só por estarmos juntos.

Nem pensar em dormir. Ficar na lareira, conversando, brincando de troca, transforma, frase e dando uma de Improváveis. Ouvindo uma frase que conta uma história e tentar desvendar o porquê dela. Mesmo com o dia amanhecendo, não querer dormir e se deliciar com a paisagem e com a pintura de amanhecer que se desenha no céu.

Mas quando olhei em volta, vi que não havia ninguém ali. Era a minha cama, o meu quarto. Nenhum barulho, nem vozes, nem risadas. Nem a beleza das manhã de Campos do Jordão. Nem os amigos, nem os seus sorrisos. O carnaval tinha chegado ao fim.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

No meio do nada

Achei que a minha falta de vontade de colocar as coisas que penso e escrevo no meu caderninho aqui no blog fosse por conta da falta de tempo. Quanto tive tempo, não tive ânimo. Achei que podia ser a falta de motivação das férias, ou do período procurando estágio... E o estágio veio. Mas, por enquanto, a motivação continua a mesma.

Talvez seja fruto da falta da convivência com os amigos (os velhos e os novos). Ou porque "gasto" minha criatividade o dia todo, na frente do computador, procurando pautas, buscando informações e, claro, escrevendo.

Isso tudo importa, mas pensando um pouco mais fundo, talvez essas sejam razões marginais. O problema talvez esteja no meio. Está tudo bem, mas nada ótimo. Nada está mal, mas está próximo. Há satisfação, mas não há alegria. No meio do nada.

Explico.

Adoro reclamar, ser irônico, às vezes cínico. Isso acontecia com muita freqüencia quando eu estava insatisfeito - no trabalho, fazendo algo que, definitivamente, não era eu, ou mesmo na vida pessoal. Problemas em relacionamentos ou problemas pela ausência desses relacionamentos.

Sempre gostei da música "Only Happy When It Rains", do Garbage. É a minha música favorita deles, que é a banda que mais gosto. Mas agora, ela nunca fez tanto sentido. A música é cínica. Não chega a ser triste, porque esse é um sentimento que parece sem força. É mais denso, mais escuro, mais cruel. Depressiva seria mais apropriado.

Um trecho da letra diz:
I'm only happy when it rains
I'm only happy when its complicated
And though I know you cant appreciate it
I'm only happy when it rains
Já interpretei a música de muitos jeitos diferentes - e essa é uma das características das músicas do Garbage, aliás: são complexas.

Compreendi a música de uma forma diferente dessa vez. Essa sensação pesada é, contraditoriamente, boa. Uma paixão não correspondida plenamente - mas correspondida parcialmente. Quem dirá o que é certo ou errado para quem tem esses sentimentos?

O ruim, às vezes, é bom. Ou, ao menos, é melhor do que o médio. Do que esse marasmo, recheado de razoável e satisfatório. Cheio de bom, mas sem nenhum ótimo. Longe do melhor e do pior. Simplesmente médio. Esse sim, terrível. Pior do que a intensidade negativa é não ter intensidade nenhuma.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Vida de jogador de futebol

O contrato estava no fim. Ele sabia que a situação do clube piorava a cada dia. Ele mesmo já não se sentia bem ali, embora se desse bem com alguns dos companheiros. E foi como parecia: o cotrato acabou e não tinham dinheiro para renová-lo.

Era hora de buscar novos horizontes. Mas a temporada estava no fim, não havia muita chance para conseguir um contrato àquela altura. Seria precisa esperar a janela de transferências, em janeiro, para tentar encontrar um novo clube. E, bom, teria férias de verdade.

Chegou janeiro e com ele algumas propostas. Testes, conversas, negociações. Alguns clubes precisavam de um reserva, alguém para entrar quando precisassem. Outros precisam de alguém para ser titular, mas em um time que disputa campeonatos reigionais.

Veio uma boa proposta, mas arriscada. Um bom time, que disputa grandes campeonatos. Melhor: com uma carência em um setor que ele é especialista. Era uma forma de conseguir experiência, conseguir fazer um bom trabalho. Eles pareceram interessados. "Grandes chances de que você seja a nossa contratação". Chamaremos esse de time vermelho.

A proposta soou ótima. Mas eles estavam avaliando outros jogadores para a mesma posição. E a resposta não vinha. Foi quando surgiu um outro time. Pediu alguns testes, olhou todo o currículo, analisou a breve carreira dele. Disse que fariam mais testes e ligariam. Chamemos de time azul.

Ligaram pouco tempo depois, dizendo que ele era o escolhido. Mas ele estava em testes para um outro clube, que nem sabia se seria melhor ou pior. Pediu um tempo para decidir. Eles não podiam esperar. Então, teve que dispensar a chance...

Chegaram as contas e ele viu que era maiores do que esperava. Precisava pagá-las, mas como? Tinha acabado de dispensar uma oportunidade de ganhar uma grana. E agora? Continuar procurando.

Eis que o tempo passou, surgiu outra proposta, que ele pediu um tempo para pensar. era o time amarelo. Na data combinada, deveria ligar para dizer o que queria. Esqueceu. A proposta parecia até razoavelmente boa, se não houvesse mais nenhuma.

Eis que o time azul liga novamente. Disse que queriam ele no time, que parecia ideal para o que precisavam. Ele ficou de pensar novamente. Eles ligariam no dia seguinte. Ele ainda queria o time vermelho.

Hora da resposta ao time azul. A proposta era boa, afinal. Por que não aceitar? "Venha aqui segunda de manhã". Estava fechado.

Mais tarde naquele dia, um e-mail dizia: "está livre para começar a treinar já na semana que vem?". Era do time vermelho. Mas ele já tinha fechado com o azul... Por outro lado, não podia perder a chance de jogar em um time onde teria a oportunidade de jogar. Seria difícil, mas seria profissionalmente melhor.

Talvez no time azul tivesse o lugar garantido na equipe, talvez se tornasse ídolo da torcida. O técnico tinha gostado dele. Mas a chance de jogar em um time que o desafiava, que talvez lhe desse mais prazer em trabalhar. E, bom, também tinham gostado muito dele lá.

O noticiário já informava que ele estava fechado com o time azul. Seria uma surpresa aparecer no vermelho. Ele não sabia como dizer, não conseguia falar com ninguém do time azul. Era domingo, o contrato seria assinado na segunda. Seria. Ele iria assinar um contrato, mas com o time vermelho.

Essa vida de jogador de futebol...