domingo, 12 de agosto de 2007

Dia dos pais sem pai

Quem lê o título certamente pensa que eu sou mais um dos milhares que passam o dia dos pais sentindo a falta de um pai que se foi. Felizmente não é o caso. Ou, ao menos, não no pior sentido.

Foi o primeiro dia dos pais que passei sem o meu pai. Com uma tristeza grande, porque meu pai, hoje, quase não faz parte da minha vida. Sua participação é pequena, quase não nos falamos. Nos últimos meses, sequer consigo falar com ele. Os telefones mudaram, ele não entrou em contato...

Finalmente, esta semana minha irmã conseguiu falar com ele - foi até o trabalho dele para tentar encontrá-lo. Disse que estava ocupado, que o telefone tinha sido clonado, que o celular quebrou...

Lembro de quando ele reclamava que eu e minha irmã não ligávamos, que não íamos vê-lo e tudo mais. Algo apenas parcialmente justo, uma vez que ele, como pai, também não fazia esforço pra nos ver. Sabendo que ele tem carro, podia vir nos buscar para irmos a algum lugar. Mas era sempre o mesmo problema: "vocês não ligam pra mim".

Cheguei mesmo a me sentir mal por isso. Cheguei a pensar que eu e minha irmã éramos culpados. Tentei, de alguma forma, mudar isso. Logo percebi que o problema também vinha do lado de lá. Ele também não nos procurava, o que deixava tudo mais difícil.

Minha relação com meu pai nunca foi das mais fáceis, principalmente porque herdei dele a personalidade forte, a teimosia, o gênio irredutível em muitos casos. Nossas brigas só não chegaram às vias de fato, mas as discussões foram fortes.

Chegamos a estar em um perído de estabilidade, principalmente após a separação dos meus pais. Passamos a ser amigos, o relacionamento ficou melhor. Começamos a nos dar bem. Mas os contatos foram rereando e a relação ficando mais distante.

Tudo indica que por causa do casamento dele com a mulher com quem traiu a minha mãe. Nunca tive nada contra ela, até o dia que ela destratou minha irmã. Ouvi da minha irmã as palavras de que nunca mais voltaria à casa do meu pai enquanto ela estivesse lá.


As relações ficaram tensas. A mulher do meu pai passou a falar demais, intervir demais nas nas conversas entre minha irmã e meu pai. E entramos eu, minha mãe e ficou uma verdadeira bagunça. Muita gente falando, acusações de todos os lados e problemas a serem resolvidos.

Problemas que não foram resolvidos. Meu pai ficou distante, não entrou mais em contato e, mesmo sem telefone em casa ou celular, não fez questão nem de responder o e-mail que eu mandei.

E chegou o dia dos pais. E passei com o meu tio-avô, na despedida dele, antes que volte à sua casa, no nordeste. Me senti como meus tios e minha mãe, que há anos passam o dia dos pais sem pai. Sensação triste. Ainda mais por saber que meu pai está vivo e bem, em algum lugar. Espero que tenha sido uma sensação temporária.

Um comentário:

  1. Eu já cheguei "às vias de fato" com o meu progenitor. =/ =P (rs)

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