terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Esquadrão de malas

Começou o Big Brother Brasil, o famoso BBB. Torna-se rapidamente o assunto de conversas no café, no ônibus, nas redes sociais, até nas conversas de bar. É normal que seja assim. É um assunto forte, popular, no melhor sentido da palavra, porque muita gente assiste e gera repercussão, polêmica.

Não sou muito de assistir BBB. O primeiro acompanhei todos os dias, junto com meu pai. Depois, perdi um pouco o interesse e ficava de olho mais nas gostosas que habitavam a casa. Nesse ano, vi o primeiro dia do programa, enquanto estava de férias do trabalho, e passei a acompanhar um pouco mais.

Uma das imbecilidades que passei a escutar sobre o BBB, e que são recorrentes a cada ano que passa, é a ideia babaca que BBB é coisa de gente, digamos, menos favorecidas intelectualmente. Até chegaram a criar uma campanha no Twitter #troqueobbbporumlivro. Estúpido e explico por quê.

Primeiro, uma campanha como essa parte da premissa que BBB é coisa "popularesca", tal qual novela, futebol e samba. Popular no sentido pejorativo, claro, quando ninguém diz, mas deixa a entender que é coisa de gente pobre, ignorante e afins. Mais ou menos a mesma associação que se faz a quem vota no Lula (ou, na última eleição, na Dilma). Uma premissa, obviamente, falsa.

Outra premissa é que o símbolo de intelectualização é o livro. O livro é uma mídia como outra qualquer. Ler livros, qualquer livro, não torna ninguém mais inteligente que outro. E aí volto à campanha #troquebbbporumlivro. Cliquei na hashtag para ver o que diziam. Uma das sugestões que vi foi "A Cabana". outra foi "Qualquer um da Zíbia Gasparetto". Só faltou alguém citar "O Segredo". Mas certamente algum babaca o fez e eu que não tive paciência de procurar. Acho que já deu para entender o meu ponto, né?

Se não, serei mais claro: pessoas que querem se dizer intelectuais criticam o BBB, como se fosse um programa que só conquistasse gente burra, e sugerem que um livro seria melhor. E aí sugerem "A Cabana" ou Zíbia Gasparetto. Justamente o tipo de livro que é criticado por ser, digamos, coisa de gente menos intelectualizada. Curioso, não?

Mais uma premissa falsa da estúpida campanha #troquebbbporumlivro é que só dá para fazer uma coisa ou outra. Pessoas que lêem livros não podem gostar de assistir ao BBB? E quem disse que quem não vê o BBB lê mais livros? É possível fazer ambos. E é possível também não fazer nenhum dos dois.

Ler e ver BBB não são atitudes correlatas e a sugestão de troca de um por outro sugere várias imbecilidades, que só mostram o quanto as pessoas são babacas. As redes sociais, entre os muitos benefícios que nos trouxe, expõem também cada vez mais a capacidade de babaquice das pessoas. Está aí o perfil do @oclebermachado que não me deixa mentir.

Trabalho com futebol. Cansei de ouvir que é o Pão e Circo moderno, alienante e outras bobagens. Que cultura mesmo é teatro, "boa música" (muitas aspas nisso aí). Zzzzzzzzzz. Soa como a corte do século XVIII falando. Futebol é tão cultura quanto qualquer peça de teatro. Samba é tão cultura (ou mais) do que qualquer tipo de música. E olha que nem sou o maior apreciador do estilo.

É o esquadrão de malas, sempre pronto a disparar babaquices...

PS: quem gosta de BBB e principalmente quem gosta de bom humor, sugiro fortemente acessar o Carolina, minha filha, da excelente @carolinamendes. Risadas garantidas.