segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Ir além do óbvio

Escolhemos um caminho ou somos escolhidos por ele? Nem sempre é fácil dizer. Há escolhas sendo feitas o tempo todo, até quando sequer pensamos nelas. Fiz algumas delas conscientemente. E sabia o que custariam. Na teoria.

É, porque na prática as coisas são sempre mais duras de lidar. A dor é imaginável, mas só é possível saber quando a sentimos, quando o sangue cai da ferida. Sonhar é inevitável e diria que é necessário. Ir atrás dos sonhos já é outra história. Ousar sair da zona de conforto em busca de algo incerto é uma decisão que envolve coragem e um pouco de loucura também. A medida de cada um deles é uma fórmula tão volátil que é impossível de ser escrita.

Mergulhar nesse mar gelado é uma opção. E eu quis. Não acho justo reclamar agora. Então, me calo. Eu sabia que custaria muito. Que a busca por um sonho implicaria no mínimo o adiamento de outros. Calculei o tamanho da onda e pulei. Mas quando ela bate, gelada, e te faz quase parar o coração, o que dizer? O que fazer? Sentir o corpo febril e quente enquanto os pêlos se arrepiam e não poder contar a ninguém. Saber que depois de uma onda virá outra, e outra, e outra... Mas que depois de todas terá terra firme. Como já teve antes.

Quis jornalismo. Sempre soube que era por causa do esporte. Era por essa paixão que eu queria. Sempre soube também que jornalista se forma para ser jornalista, não para ser jornalista esportivo. Trabalhei para ser jornalista. Veio a Escola do Futuro, veio o Techguru. Em pouco menos de dois anos, veio a Trivela. Era a chance de trabalhar com futebol, com jornalismo esportivo, com aquilo que lá atrás, em 2003, se tornou um sonho que parecia longe.

As ondas ainda são altas, o mar é fundo e não dá pé, mas há esperança e a terra firme ao menos é uma esperança no horizonte. Ao menos há um caminho a ser seguido, ainda que a custa de turbulências na vida pessoal dos mais variados tipos. Como eu disse lá em cima, não dá para mergulhar no Mar do Norte e reclamar que a água tá gelada, né? Então como diria a filósofa Dori, de "Procurando Nemo", continue a nadar, continue a nadar...

2 comentários:

  1. Que delícia! Um texto que começa com as profundezas dos mares da vida e acaba com... Procurando Nemo!

    Adorei, Lobo! (talvez por causa da identificação proto-jornalista/proto-jornalista..hehe)


    Escreva mais, virei ler.

    Beijão

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  2. Obrigado, Julia! É sempre bom perceber a identificação com outras pessoas, especialmente alguém que tem muitas coisas próximas.

    Virei escrever mais sim. É promessa de ano novo (será que vale?)

    beijos

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