terça-feira, 27 de outubro de 2009

Saúde pública, decepções e surpresas

Nos últimos meses, virei especialista em LCA. Não sabe o que é? Ligamento Cruzado Anterior. O problema que me afetou mais de um ano e que ainda estou recuperando, pós-cirurgia. Se a recuperação é longa (sete longos meses até poder correr e jogar futebol de novo), mais demorado ainda foi chegar até aqui.

Junho de 2008. Jogando futebol, depois de muito tempo, machuco o joelho. Em princípio, parecia nada muito sério, ligamentos laterais, gelo, antiinflamatório. Quando a dor passou, nova tentativa de futebol em agosto. O primeiro pique e a mesma dor. Nova consulta. Como saúde pública demora (ainda que pelo Hospital Universitário da USP, como aluno da universidade, o que dá uma espécie de "convênio" por lá e no Hospital das Clínicas, também da universidade), só em outubro.

Chega outubro. Espera, exame, constatação: parece sério. Pedido de exame de ressonância magnética. Só em dezembro. Não tem vaga antes. Chega dezembro, faço o exame. Pego o exame no começo de janeiro. Vou marcar a consulta. Vaga? Só em março. Espero.

Março. "Você precisa operar". Ok, já sabia, àquela altura, depois de falar com quem teve problemas parecidos, pela experiência em acompanhar noticiário esportivo. Lesão completa no Ligamento Cruzado Anterior e no menisco. Não se faz operações desse tipo no HU. Transferência para o HC. Para isso, dois dias de espera na burocracia. Depois, mais espera até ser marcada consulta.

Final de março. Hospital das Clínicas, Departamento de Medicina Esportiva. Exames e novamente o mesmo diagnóstico: cirurgia. O problema? Não tinha vagas. Demoraria cerca de três meses.


1º de outubro. Ligação do HC. Exames na sexta (que acabaram acontecendo na segunda também) e operação na terça. Sim, finalmente era chegada a hora. Quase seis meses depois - ao invés dos três previstos.

"A operação é a parte fácil", disse o médico. "Difícil é a recuperação". Fisioterapia? Não tem vaga. Marcação prévia para dezembro. "Eles ligam". E nada. Lofo depois da cirurgia, dor imensa nos primeiros dias. Dor constante nos seguintes. Muletas. Por mais de um mês. Duas semanas de molho, tentando trabalhar de casa, fazer o que é possível. Dores, que tinham diminuído, reaparecem. E como fazer? Dias em casa para ver se resolve.

Telefone toca. HC. Fisioterapia vai começar em dois dias. Sim, surpreendentemente, na última semana de outubro chamam para começar a fisioterapia. Pouco mais de um mês antes do previsto! Sim, às vezes o sistema de saúde pública consegue fazer boas surpresas. Exatamente 21 dias depois da cirurgia, eles ligam. O ideal seria antes, mas o fato de ter saído já é um grande alívio.

E vamos que vamos. De muletas, claro.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Fazendo força

E aí que eu comecei a fazer academia. Aliás, parênteses (mal comecei e uso parênteses... E ainda coloco um partênses no meio do parênteses!): estava no telefone com meu pai e disse que saindo do trabalho ia para a academia. "Ah, vai direto pra faculdade". "Não, pai, é academia de exercício físico". "Ah, tá...". Fecha parênteses.

Como eu dizia, voltei à academia. Pois é, recomendação médica para fortalecer a musculatora em volta do joelho machucado que será em breve (espero) operado. E, bom, também preciso perder peso, então, é juntar o útil com o necessário.

O negócio é que eu gosto de exercícios. Sério, gosto mesmo. Me sinto melhor quando faço exercícios. Comecei pouco antes das férias, o que complicou um pouco minha frequencia, com provas e trabalhos finais em sua fase mais aguda.

Vieram as férias e passei a ser assíduo, no mínimo três vezes por semana, na maioria quatro ou cinco vezes. Só que não ter hora para sair de lá era um fator que facilitava. Com a volta às aulas, a correria chegou também. Sair no horário do rush da academia me faz chegar atrasado na faculdade. Todos os dias.

E aí que to pensando em como adequar isso tudo nessa nova rotina. Rotina que tenho medo que se torne massacrante e que estou tentando me planejar para não deixar que me transforme em pó.

Aliás, curiosidade dessa volta à academia é que não senti dor. Talvez resultado da excelente academia que estou fazendo (pelo que cobram também, é só o que eu podia esperar). Senti resultados primeiro em mais fôlego e, aos poucos, no próprio corpo. É, tá melhorando.

Mais do que isso, uma motivação de ficar mais animado, mais disposto. Porque sedentarismo tem isso: quanto menos exercício você faz, menos dá vontade de fazer. A relação contrária está se tornando verdadeira para mim, o que tá sendo ótimo.

Fato é: espero que não seja temporário. E que comece a perder peso - porque nesse ponto eu ainda não senti diferença nenhuma.

Devo dizer também que a academia tem um papel importante em outro campo: psicológico. Ajuda a desestressar, a não pensar em algumas coisas que poderiam atormentar nas férias, tal como falta de uma pessoa. Não senti nenhuma falta. Um pouco, sei que é pela atividade constante, mente preenchida com outras coisas. Outra parte é mesmo uma vitória emocional.

Diria que exercício físico é ótimo para depressão. Não cheguei a tanto, mas senti seu efeito. Espero que continue.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Sufoco

Estou no sufoco do tempo.
Da sobra, do excesso, da desorganização.
Do muito, do pouco, do nada, do todo.

Ideias todos os dias, vontade nunca.

E assim caminho em direção ao trabalho. Sentindo a brisa das férias passar e deixar aquele gosto de saudade.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Sonhos que esmaecem


Os sonhos são coloridos. Tem aspecto de obra de arte, parecem doces, saborosos e realizá-los parece ser uma tarefa nobre. O problema é que a vida trata de pintar as etapas de cinza e jogar um sabor amargo logo depois da cobertura doce que vemos.

Abrir mão de algumas muitas coisas é necessário. Previsível, inclusive. Estava planejado. O dia a dia vai minando a beleza do futuro com a amargura do presente. As contas que vencem, o cheque especial que não zera nunca e o salário, que parece nem merecer esse título (aliás, não chama mesmo, o nome é bolsa-auxílio).

Pouco a pouco, fui abrindo mão de diversas coisas que, por serem coisas, achei que não fariam falta. Até que chegam os finais de semana, tenho que sair e lembro que abri mão do carro. Ou quando penso em trocar de computador para melhorar o desempenho e tenho que caçar financiamento, porque juntar dinheiro é impossível com o cheque especial comendo o dinheiro que entra.

Tem também a questão encontro com amigos, quando vemos onde cada um está, e as compração são quase imediatas e inevitáveis. A sensação de que falta algo aumenta.

Continuo achando que as muadanças valeram a pena, que os sacrifícios serão recompensados. Só que, às vezes, a vida é dura demais por mais tempo do que imaginava...

terça-feira, 7 de julho de 2009

Frieza devoradora de palavras



Palavras e pensamentos se devoram. Trazem angústia, um certo medo, muita ansiedade e tentam esconder uma paixão que não pode mais ser escondida. Toma a mente, tira a atenção, martela desejos, emerge frustrações.

A moça destila sua frieza em meio a pequenas pílulas de sorrisos. Distância artificialmente criada com postura, expressões e, por vezes, um silêncio perturbador.

Palavras jogadas para que ela abra uma porta para o diálogo. Em vão. Elas batem e voltam, como se encontrassem apenas um muro que impede qualquer aproximação daquele território. Parece que o diálogo só é possível se um ataque forte, preciso e seguro atingir o muro. Só assim parece ser possível abalar a sua resistência.

Oportunidades. Elas se esvaem como água correndo pelo ralo. Entre angústia e paixão. Esperança que se dissolve, pouco a pouco, entre olhares distantes e mãos geladas que fogem. ela já derrubou o meu muro, mas o dela parece longe de cair.

Distância, silêncio, ausência. Na ausência, busco um remédio incapaz de resolver o mundo prestes a explodir no peito. Silêncio que dessa vez tem a distância como parceira e como minha maior inimiga.

As crises, diziam os gregos, são uma oportunidade para um crescimento, aprimoramento, uma melhora. Talvez seja o momento de uma tentativa forte, verdadeira, irremediável. A crise pode ser a última chance de transformar a agonia da ausência no conforto da presença.

Que as vozes se encontrem e sejam como pedras atiradas contra o vidro do silêncio, impávido colosso.

domingo, 21 de junho de 2009

O eterno duelo entre diversão e obrigação

Passo grande parte dos dias em frente ao computador. Como é parte do trabalho, é inevitável. A questão é que parece que, cada vez mais, a obrigação domina a diversão. Isso significa que toda vez que estou no computador, me sinto trabalhando. Ou, pior, fico com a sensação de ter que estar trabalhando.

É difícil ter foco no que eu preciso fazer no computador fora do trabalho. Memso no trabalho a tarefa passa longe de ser fácil, mas parece muito mais simples. Ali é obrigação e com obrigação é mais fácil lidar. Tem que ser feito. Mas e quando se trata de outra coisa?

Esse final de semana eu tomei para fazer os trabalhos que a faculdade exige que sejam entregues nessa semana derradeira. Claro, deveria ter começado a fazer antes, durante outros períodos mais tranquilos do semestre. Deveria, óbvio, mas sabemos que nunca é assim. Então, acumula grande parte para esse momento. Mas concentrar-se nesse tarefa é difícil.

O computador lembra trabalho. Quando não lembra trabalho, tem muitas outras coisas para serem feitas, daquelas que você coloca na lista de prioridades que nunca chegam. Uma delas é escrever. Me sinto bem escrevendo, faço isso sempre que posso, é um prazer, um lazer, uma diversão. Mas escrever no blog, ultimamente, parece perda de tempo. Parece que o trade-off não compensa. Deveria estar fazendo outra coisa, mais importante. Deveria estar fazendo alguma obrigação, entre as muitas que existem.

Fato é que a diversão fica para o lado, a obrigação não é cumprida por inteiro e o problema aumenta nos dois campos. Nem há a diversão, nem a obrigação. Parcialmente, ao menos, a obrigação é cumprida. Pouco a pouco, ela vai sendo cumprida. Mas a diversão... Fica para a próxima. Uma próxima, na verdade, muito distante.

E estou aqui, escrevendo, enquanto estou pensando que deveria estar dormindo, para descansar, para poder trabalhar bem no outro dia, cumprir as obrigações. Ah, sempre elas, as obrigações.

Esse duelo infernal entre obrigação e diversão enfraquece as duas, tanto que nem uma delas consegue ter a minha dedicação devida. Sempre me coloco metas para cumprir, nem sempre consigo atingir todas elas. Talvez porque as coloque alto demais. Talvez porque precise me dedicar mais. Fato é que essa semana vai exigir, mais uma vez, a dedicação da urgência - e com ela, a eficiência para incrivelmente aumentar. Coisas da pressão.

Ao menos esse final de semana cheio de obrigações não cumpridas completamente estancaram a ansiedade pela semana que chega. A ansiedade pelas mil palavras silenciadas que parecem cada vez mais próximas de sair. Que parece terem data para sair. Que devem mudar tudo - mesmo que não mude nada. Mas essa é uma outra conversa...

terça-feira, 26 de maio de 2009

2 roupas, 2 comportamentos

Manhã. O sol já está alto, mas o vendo frio ainda impera. As pessoas se juntam, involuntariamente, rumo aos seus destinos. Os olhos se encontram com muitos outros olhos. Na maioria das vezes, não dura nem um segundo.

Alguns olhares duram mais. Medem. Encaram. Sentem. Até paqueram, despretenciosamente. Olhares perdidos, esquecidos, distraídos, sérios. Parados. Analisam. Ela, calça social preta, risca de giz, uma blusa branca, fechada, bastante sóbria e um blazer preto, também risca de giz. Loira de cabelos bem claros, olhar sério, centrado. Olhos castanhos, não muito claros. Entre 28 e 32 anos, provavelmente.


Roupa, a personalidade de vestir

Ele, camiseta cinza, calça jeans azul escuro, tênis, cabelo arrumado, mochila nas costas, fone no ouvido, barba por fazer. A idade é algo entre 22 e 26 anos. Olha para Ela, que não tira a frieza do olhar. Se posiciona, se segura, enquanto o metrô segue. A postura dela é de uma mulher segura, quase-auto-suficiente. Ele lembra-se de quando, vestido de terno e gravata, olhavam-no com um ar de seriedade, maturidade e, por que não dizer, certa admiração.

As roupas, dizem, falam por nós. A moda está presente em nós mesmo se a renegarmos. Curioso como uma relação de mulher, um pouco mais velha e roupa social com um homem com roupas mais informais, aspecto mais jovem nos acessórios também, cria uma barreira que, em outra situação sequer existiria. Talvez até os aproximasse, se a diferença de roupas, pura e simplesmente isso, não fosse tão visível.

Ela o observa, discretamente. Sente que ele direciona seu olhar para ela frequentemente. A procura. Ela não se parece se incomodar, mas tampouco tenciona tornar o rosto mais suave, destravar os lábios e sorrir. Mantém-se firme. Ele também não esboça um sorriso, mas olha para ela procurando qualquer pequeno sinal de receptividade.

As roupas dele sugerem que ele é mais novo. Que talvez ganhe menos. Talvez seja imaturo. A camiseta, o jeans, o tênis, a mochila... Aquele aspecto um tanto jovem demais para uma mulher como ela, com seu blazer bem cortado, sua calça social, sua maquiagem muito sóbria, ainda que bela.

O sinal toca. Movimentação, dispersão, Ela some dele, ELe some dela. Ela sequer olha para trás. Continua seu caminho, sem saber se está sendo caçada pelos olhos dela. Nem se preocupou. Ele não a procura - inútil buscar a atenção de quem não a deu em nenhum segundo inteiro.

Ela vai para a grande corporação que trabalha, linda, imponente, impecável. Ele vai apenas trabalhar, com seu jeans, camiseta e mp3 no ouvido, cantando em silêncio.

sábado, 23 de maio de 2009

Todo dia

A música dá início ao dia que começou antes do último suspiro do dia. E começa com "I'm I lost? Sent too far away...". Parece prever o que virá pela frente.



Os olhos procuram onde se prender, como se estivesse buscando um ponto de apoio em uma escalada. Qualquer vacilo, e caem, fechando as cortinas do mundo. Mundo que pede que tudo aconteça ali, rápido, agora, já, para ontem, muito, sempre.

Se a visão está comprometida, a audição tenta manter o sistema funcionando, se embriagando com melodias e letras, que se esmagam na falta de ar, no pé pisado, no espaço disputado, no calor inevitável, nas expressões sérias, na falta de sorrisos, nos rostos femininos maquiados, nos olhares não correspondidos.

As palavras finalmente chegam, atrolepadas por um montro chamado prensa pressa. Elas aparecem, se combinam e se tornam poderosas. De despretenciosas, ganham vida, significado, traços, personalidade, preconceitos, julgamentos, amores e ódios. Sem sequer ter pensado nisso.

Os olhos já não buscam mais apoio. Foram abastecidos por substâncias químicas pesadas, porém naturais, transformadas em líquido preto. O efeito não é o esperado, mas o passar do dia se encarrega de manter os olhos abertos.

O sol, na descendente, leva a oeste a realização do sonho de dois anos antes. O caminho inclui muito cinza, paradas, mas também inclui trilha sonora, por vezes também arranjos de palavras e muitos sentidos, além de, frequentemente, viagens ao mundo de Orfeu.

Orfeu sai de cena, entra Baco, com sua alegria, sua forma viciante de lidar com tudo que envolve. Gosta de envolver produtos de frutas roxas em suas intervenções, embora apareça menos do que aquelas de origem nas gramíneas.

Mas o ingrediente principal da receita de baco é a rede de sorrisos que ele cria, ligando um ao outro de forma quase indissolúvel - ainda que às vezes as cordas sejam roídas e fiquem mais fracas. Ele sequer precisa intervir: a ausência de sorrisos que corrói a corda faz com que os sorrisos se busquem, se descubram, se solidarizem. Porque a quebra de uma corda seria a ruína de Baco. E isso ele não permitiria.

Antes de o ciclo voltar ao zero - ou, às vezes, até um pouco depois -, vem ela. A companheira que se faz presente várias vezes na semana. Aquela com quem eu tenho cada vez mais intimidade, que se deita na cama comigo diversas vezes, que me acompanha nos piores momentos. E eu só sei reclamar dela, xingá-la, praguejar sobre ela. Ah, insônia, você me entenderia se estivesse no meu lugar!

Que se fechem as cortinas. A trilha sonora do amanhã chega muito antes do esperado.

terça-feira, 12 de maio de 2009

O sono dos inocentes

Tarde da noite. Chego em casa, como, penso no que farei no dia seguinte. O computador. Aquela doce tentação de ver os e-mails, sempre tão numerosos, sempre com tantas coisas. Muito o que fazer, de útil, inclusive (aliás, acabei de me lembrar sobre algo importante, aguentem aí. ... Pronto. Livro que preciso encontrar, um problema).

Vá lá, tenho mesmo muito o que fazer e muito disso pode ser feito no computador. Logo, nada de mau em usá-lo. A "questã" é que não faço metade (otimista...) das coisas que penso/quero/tenho que fazer. E aí vão lá horas e horas e quando vejo: pimba! Mais de 2h da manhã e eu ainda não dormir. Pior: estou sem sono.

Pergunta: por que? Resposta 1: insônia. A maldita tem me pegado nos últimos anos. Em alguns casos, consegui capitalizar em cima dela: freelancer, em uma época, trabalhos e estudos em outra. A grande maioria do tempo, porém, é puramente dedicada ao desperdício.

E tem o trabalho. Todo dia, cheg uns 15 minutos, no mínimo, atrasado. Todos os dias acordo pensando que devo sair mais cedo, para não me atrasar mais. Justo, simples. Simples? Acordo, faço as coisas mais rápido, acho que vai dar tempo e quando vejo, fiz tudo igual.

O tempo é uma das preciosidades mais caras que temos na vida e eu sempre sinto como se fosse aquelas ampulhetas, com a areia caindo com cara de desperdício.

Vejam hoje. quase 2h da manhã e eu aqui. Ao menos hoje eu achei um sebo com o livro que eu preciso para um trabalho da faculdade (lembra da pausa lá em icma?). Ao menos estou exercendo um pouco da muita vontade de escrever aqui que tenho (tenho muito mais a dizer sobre isso, mas não tenho conseguido colocar em prática, sabe-se lá por que).

Enfim, boa noite.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O custo das escolhas

Desde que decidi fazer jornalismo, penso no que isso significou na minha vida. Abandonar uma carreira para começar outra. Mais do que isso: deixar o trabalho em segundo plano para apostar na mera possibilidade de isso acontecer: era a época de cursinho.

Já tinha aberto mão de salário mais alto por um emprego que achava que era mais interessante do ponto de vista de carreira. Mas abrir mão da carreira era um passo maior. Muito maior. Era começar do zero, investir em outra vida. E isso tem um (alto) custo.

Lendo alguns dos capítulos iniciais do livro "Introdução à Economia", da N. Gregory Mankiw, da Universidade de Harvard, encontrei um conceito dos mais interessantes para serem aplicados na vida. Aliás, estudando esses conceitos, eles parecem mesmo muito próximos da vida cotidiana - ao menos os básicos.


Ao ler o livro de Mankiw, descobri que isso tem um nome formal e está na teoria econômica. No primeiro capítulo, Mankiw explica dez princípios básicos da esconomia. O segundo é descrito por ele como: "o custo de alguma coisa é do que você desiste para obtê-la". O título já fez todo sentido para mim.

Jornalismo para mim custou uma carreira. Uma carreira que eu já tinha começado a traçar, desenhar e trilhar. Foi abrir mão de um salário que já me deixava confortável, que me permitiria coisas que hoje eu nem posso pensar.

Vejo, por exemplo, amigos meus comprando carro. Algo que eu já tinha feito, mas tive que abrir mão. Vejo eles terem tempo para outras coisas que eu, como estudante, não consigo ter. Vejo eles em outro estágio da carreira, que eu abri mão de estar.

Esse foi o meu custo oportunidade. Foi o que eu deixei para trás para entrar em jornalismo. Era um custo calculado - sabia que, no mínimo, adiaria por alguns anos. Mas o risco não tinha só perdas. Tinha acertos.

Fazendo jornalismo, tive a chance de, no primeiro mês como estudante do curso, estar em uma redação dos maiores jornais do país para fazer um freelance. Tive a chance de começar na profissão que eu tanto quis. Um caminho novo, que me dá mais motivação, mais prazer em trabalhar - ainda que o salário ainda esteja muito longe do que eu ganhava antes de entrar na carreira.

O melhor, porém, veio no melhor jeito possível. Ao entrar em jornalismo, exatamente nessa turma, em 2008, descobri pessoas incríveis. Colegas que se tornaram amigos, pessoas que, cada vez mais, fazem diferença. Não esperava uma turma tão unida, tão alegre, tão divertida, tão inteligente, tão inesquecível - e em tão pouco tempo.

O custo oportunidade, no meu caso, foi muito alto. Mas o risco valeu - e valeu muito.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Mortadela, jornalismo e Che

Poderia ser um domingo qualquer, com o descanso e a tranquilidade que eu, confesso, gosto muito. Acordar tarde, tomar café tardia e preguiçosamente. Ver a reprise da Fórmula 1... De repente, uma ligação para realizarmos o que tínhamos planejado: visita ao mercadão e misturar jornalismo e mortadela.

Primeiro, estar com ela é sempre um prazer, por tudo que ela é - e que não vou me arriscar a descrever, para não reduzir demais suas qualidades. E com a companhia de mais um amigo, mais dela do que meu, aniversariante. E lá fomos nós, passear pelo centro de São Paulo.

Largo São Bento, Vinte e Cinco de Março, Mercadão. Lá estávamos nós, em busca de conhecer mais sobre aquele gigante arquitetônico cheio de delícias, frutas e iguarias. E com algo surpreendente: jornalismo em debate. Mas antes, a mortadela.

MEsas tomadas por muitas e muitas pessoas. O programa de ir ao Mercadão é realmente ótimo, especialmente em um domingo. Um bom lugar para conhecer, ver, sentir, comer. Sim, comer. Aquele sanduíche famoso de mortadela é, realmente, tudo isso (inclusive o preço, um tanto alto).

Depois, alguns grandes nomes do jornalismo, com seus respectivos livros, e uma proposta de debate. Com um público quase que só de estudantes, o debate ficou com cara de palestra, com toques, sugestões e alguns poucos "causos". Interessante, de qualquer forma.

Batidas do relógio da igreja. É a chuva que se anuncia, bem a tempo de chegarmos no coberto. Do centro histórico para o centro comercial, quiçá financeiro: Avenida Paulista. Encontro e desencontro com amigos e a idéia do cinema: Che.


Filme interessante, longo, com histórias curiosas, interessante que tornam uma das figuras mais conhecidas do mundo uma pessoa comum. Che, do anonimado e do rosto limpo até a glória com a boina e a barba grande. Uma narrativa com datas, mas construídas aos poucos, tudo junto e misturado.


Fim de noite, com um domingo para se lembrar. Porque como bem citou um dos jornalistas presentes no mercadão, Bagriel Garcia Marques disse certa vez: "a vida não é o que vivemos, mas aquilo que nos recordamos".

segunda-feira, 16 de março de 2009

Vida de jornalista estagiário

Trabalhar é algo que eu sinto falta. Por mais que canse, que às vezes irrite, que faça acordar cedo, pegar metrô e ônibus cheios... E mesmo que não sentisse falta, teria que trabalhar de qualquer jeito. Afinal, as contas não esperam (e dois meses sem receber fizeram um estrago no cheque especial).

Depois de quase um mês de trabalho, dá para sentir que é bem diferente do anterior. O jornalismo agora será mais presente. E tende a ser muito mais ainda, agora que estamos com mais planos. Tende a ser ainda mais jornalismo de apuração, e menos redação.

Mesmo sendo um começo, um estágio, considero uma vitória. Uma vitória em segunda etapa de uma idéia que surgiu alguns anos atrás, quando quis me tornar jornalista. Ainda mais podendo trabalhar em uma área que tenho afinidade, que é tecnologia.

Meu maior sonho jornalístico continua sendo cobrir uma Copa do Mundo. Em segundo lugar, uma Olimpíada. E, claro, trabalhar com esporte - e, espeficiamente, futebol. Mas aprendi a não ter pressa: o importante é ir trabalhando, aos poucos, e fazendo o que faço da melhor forma.

Sou estagiário, mas o trabalho tem sido bem interessante. Sem muitos corno-jobs, como é comum acontecer - e como já fiz muito na vida. Viver em noticiário é fascinante. Fico viciado em notícias e mais notícias.

Às vezes fico até pensando que em alguns casos, nós, jornalistas, escrevemos para nós mesmos (digo, para outros jornalistas lerem). Isso fica mais evidente em editorias mais "técnicas", de mídia especializada. Mas aí vem os leitores nos mostrar que, sim, eles estão atentos e lendo! Especialmente se for pra criticar - o que é ótimo, é disso precisamos: cada vez mais um público muito crítico.

De volta à vida normal de trabalho, mas ainda tentando se acertar na vida. Porque a vida é isso: um monte de rabisco que fazemos para tentar dar certo. Ninguém sabe se dará. E por enquanto, não tenho do que reclamar: rascunhieo jornalismo e já estou passando tudo a limpo.

Que venham mais desafios!

domingo, 15 de março de 2009

A ansiedade que consome o tempo

Paciência é algo que eu não tenho. Nunca tive muita, na verdade. Mas ansiedade é algo que eu sempre soube trabalhar em mim. Saber esperar é algo que eu tive que aprender, porque nada acontecia como eu queria, do jeito que eu queria.

O problema é que ansiedade é mais do que isso. Muito mais.

Acho que quando estou em casa estou descansando. Posso até estar, mas se penso em "gastar meu tempo" escrevendo para o blog, fico pensando se não podia estar fazendo outra coisa. É sempre um dilema entre o que eu quero e o que eu deveria fazer. E muitas vezes não faço nenhum dos dois.

Com o início das aulas, vieram os primeiros textos para ler - que eu ainda não li, embora a empolgação de começo de semestre ainda esteja ativa. Empolgação porque em todo início de semestre faço aquelas promessas inúteis difíceis de serem cumpridas: esse semestre vou me dedicar mais do que no anterior.

E chegou o final de semana, depois de um sábado agitado, e fico pensando: deveria estar começando a ler os textos. E por que não começo? Simplesmente esqueci de tirar as xerox. Não me planejei e novamente comecei o ano sem agenda.

No fim, fico com o meu jogo no computador, o futebol, uma saída com os amigos, seriados ou filmes na TV e até outras leituras, que não são exatamente as necessárias para a faculdade.

Mas ainda é tempo. O ano ainda está em seu terceiro mês, ainda tenho tempo de comprar uma agenda e tentar me organizar daqui pra frente.

Para quem pensava que controlava a ansiedade, às vezes é preciso cair na real. E tentar tratar isso, de alguma forma. Esse ritmo maluco de trabalho, com intensidade alta, embora em menos horas do que o anterior, aumentou essa sensação a ponto de eu conseguir percebê-la com mais clareza.

Aliás, tratamento é algo com que eu tenho tido problemas nos últimos tempos. Mas isso é assunto para outra hora...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Sonhos da realidade - ou conto de carnaval

Acordei pensando no que faríamos hoje. Provavelmente um café da manhã com brincadeiras ritmadas, batendo na mesa e fazendo movimentos de acampamento, ensinados pela Midori.

Depois, quem sabe, um pouco de jogos como Enciclopédia ou Scotland Yard. Mais tarde, poderíamos caminhar, ser teimosos e seguir por caminhos que nem sabemos onde vai dar - mas insistimos em querer adivinhar, mesmo sabendo que pode dar tudo errado. Não é, Fontes?

Sentir o mundo desabar em chuva temporal, vendo as pedrinhas de gelo caírem e formarem uma camada branca sobre os carros, a grama e tudo que se vê no horizonte. Dizer que fomos para Bariloche, quando nem saímos do estado. Brincar no granizo. Jogar para cima, quase queimar a mão no gelo, ficar com os pés tão gelados de andar sobre o granizo que mal os sentimos.

Quando a tarde cair, vamos partir para um almoço com alguma tentativa de delícia, como pizza com alcaparras, churrasco ou strogonoff. Quando a noite estiver se aproximando, podemos pegar o violão e deixar o Fabers e a Savi soltarem a voz, enquanto cantamos com eles - baixinho, para podermos ouvir as vozes deles mais alto.

Podemos comer mais tentativas de delícia, salgadinhos, beber vinho, comer fundue. Gritar "balada de cueca e meia", jogar mímica, sentir frio, se apertar em um único sofá-cama, mesmo tendo mais espaço.

Quando estivermos todos juntos, jogar en-tra no rit-mo, ensinados pela Alice, que insiste em falar groselhas, querer cantar e estragar músicas e tocar Songbird, achando que realmente toca violão - e, ironicamente, nos fazer gostar cada vez mais dela.

Ouvir dos pais dela que a gente deveria sair - e nós rirmos, porque curtimos estar juntos, mesmo sem sair todos os dias - exceção a uma noite, que fomos na cidade comer chocolate e ver o agito. Algo que nem demorou, porque nos divertimos só por estarmos juntos.

Nem pensar em dormir. Ficar na lareira, conversando, brincando de troca, transforma, frase e dando uma de Improváveis. Ouvindo uma frase que conta uma história e tentar desvendar o porquê dela. Mesmo com o dia amanhecendo, não querer dormir e se deliciar com a paisagem e com a pintura de amanhecer que se desenha no céu.

Mas quando olhei em volta, vi que não havia ninguém ali. Era a minha cama, o meu quarto. Nenhum barulho, nem vozes, nem risadas. Nem a beleza das manhã de Campos do Jordão. Nem os amigos, nem os seus sorrisos. O carnaval tinha chegado ao fim.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

No meio do nada

Achei que a minha falta de vontade de colocar as coisas que penso e escrevo no meu caderninho aqui no blog fosse por conta da falta de tempo. Quanto tive tempo, não tive ânimo. Achei que podia ser a falta de motivação das férias, ou do período procurando estágio... E o estágio veio. Mas, por enquanto, a motivação continua a mesma.

Talvez seja fruto da falta da convivência com os amigos (os velhos e os novos). Ou porque "gasto" minha criatividade o dia todo, na frente do computador, procurando pautas, buscando informações e, claro, escrevendo.

Isso tudo importa, mas pensando um pouco mais fundo, talvez essas sejam razões marginais. O problema talvez esteja no meio. Está tudo bem, mas nada ótimo. Nada está mal, mas está próximo. Há satisfação, mas não há alegria. No meio do nada.

Explico.

Adoro reclamar, ser irônico, às vezes cínico. Isso acontecia com muita freqüencia quando eu estava insatisfeito - no trabalho, fazendo algo que, definitivamente, não era eu, ou mesmo na vida pessoal. Problemas em relacionamentos ou problemas pela ausência desses relacionamentos.

Sempre gostei da música "Only Happy When It Rains", do Garbage. É a minha música favorita deles, que é a banda que mais gosto. Mas agora, ela nunca fez tanto sentido. A música é cínica. Não chega a ser triste, porque esse é um sentimento que parece sem força. É mais denso, mais escuro, mais cruel. Depressiva seria mais apropriado.

Um trecho da letra diz:
I'm only happy when it rains
I'm only happy when its complicated
And though I know you cant appreciate it
I'm only happy when it rains
Já interpretei a música de muitos jeitos diferentes - e essa é uma das características das músicas do Garbage, aliás: são complexas.

Compreendi a música de uma forma diferente dessa vez. Essa sensação pesada é, contraditoriamente, boa. Uma paixão não correspondida plenamente - mas correspondida parcialmente. Quem dirá o que é certo ou errado para quem tem esses sentimentos?

O ruim, às vezes, é bom. Ou, ao menos, é melhor do que o médio. Do que esse marasmo, recheado de razoável e satisfatório. Cheio de bom, mas sem nenhum ótimo. Longe do melhor e do pior. Simplesmente médio. Esse sim, terrível. Pior do que a intensidade negativa é não ter intensidade nenhuma.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Vida de jogador de futebol

O contrato estava no fim. Ele sabia que a situação do clube piorava a cada dia. Ele mesmo já não se sentia bem ali, embora se desse bem com alguns dos companheiros. E foi como parecia: o cotrato acabou e não tinham dinheiro para renová-lo.

Era hora de buscar novos horizontes. Mas a temporada estava no fim, não havia muita chance para conseguir um contrato àquela altura. Seria precisa esperar a janela de transferências, em janeiro, para tentar encontrar um novo clube. E, bom, teria férias de verdade.

Chegou janeiro e com ele algumas propostas. Testes, conversas, negociações. Alguns clubes precisavam de um reserva, alguém para entrar quando precisassem. Outros precisam de alguém para ser titular, mas em um time que disputa campeonatos reigionais.

Veio uma boa proposta, mas arriscada. Um bom time, que disputa grandes campeonatos. Melhor: com uma carência em um setor que ele é especialista. Era uma forma de conseguir experiência, conseguir fazer um bom trabalho. Eles pareceram interessados. "Grandes chances de que você seja a nossa contratação". Chamaremos esse de time vermelho.

A proposta soou ótima. Mas eles estavam avaliando outros jogadores para a mesma posição. E a resposta não vinha. Foi quando surgiu um outro time. Pediu alguns testes, olhou todo o currículo, analisou a breve carreira dele. Disse que fariam mais testes e ligariam. Chamemos de time azul.

Ligaram pouco tempo depois, dizendo que ele era o escolhido. Mas ele estava em testes para um outro clube, que nem sabia se seria melhor ou pior. Pediu um tempo para decidir. Eles não podiam esperar. Então, teve que dispensar a chance...

Chegaram as contas e ele viu que era maiores do que esperava. Precisava pagá-las, mas como? Tinha acabado de dispensar uma oportunidade de ganhar uma grana. E agora? Continuar procurando.

Eis que o tempo passou, surgiu outra proposta, que ele pediu um tempo para pensar. era o time amarelo. Na data combinada, deveria ligar para dizer o que queria. Esqueceu. A proposta parecia até razoavelmente boa, se não houvesse mais nenhuma.

Eis que o time azul liga novamente. Disse que queriam ele no time, que parecia ideal para o que precisavam. Ele ficou de pensar novamente. Eles ligariam no dia seguinte. Ele ainda queria o time vermelho.

Hora da resposta ao time azul. A proposta era boa, afinal. Por que não aceitar? "Venha aqui segunda de manhã". Estava fechado.

Mais tarde naquele dia, um e-mail dizia: "está livre para começar a treinar já na semana que vem?". Era do time vermelho. Mas ele já tinha fechado com o azul... Por outro lado, não podia perder a chance de jogar em um time onde teria a oportunidade de jogar. Seria difícil, mas seria profissionalmente melhor.

Talvez no time azul tivesse o lugar garantido na equipe, talvez se tornasse ídolo da torcida. O técnico tinha gostado dele. Mas a chance de jogar em um time que o desafiava, que talvez lhe desse mais prazer em trabalhar. E, bom, também tinham gostado muito dele lá.

O noticiário já informava que ele estava fechado com o time azul. Seria uma surpresa aparecer no vermelho. Ele não sabia como dizer, não conseguia falar com ninguém do time azul. Era domingo, o contrato seria assinado na segunda. Seria. Ele iria assinar um contrato, mas com o time vermelho.

Essa vida de jogador de futebol...

sábado, 31 de janeiro de 2009

1/4 de século

A primeira vez que ouvi essa expressão foi no aniversário dela. Achei engraçada e, bom, chegou a minha vez de usá-la. É chagado o aniversário de 25 anos - um número ímpar, mas ainda assim redondo.

É sempre bom receber carinho de pessoas que gostamos, isso é, sem dúvida, uma das melhores coisas do aniversário. Às vezes até lembramos de pessoas que estavam distantes, por razões que nem sabemos mais dizer, que o tempo colocou longe, mas que lembraram de você. Isso é sempre bom.

A parte que eu não gosto é organizar festa. Primeiro, porque não gosto de organizar esse tipo de coisa mesmo, até porque nunca não tenho dinheiro pra fazer algo de verdade. E programar balada de aniversário eu nunca gostei mesmo.

E aí que resolvi não programar nada para esse ano. Mas sempre rola uma pressão dos amigos, perguntando onde, como, etc. Se somar que minha irmã está internada, aí piora o cenário, porque a vontade de programar uma festa diminuiu - e também perco uma organizadora de eventos, que é o que minha irmã gosta de fazer.

De qualquer forma, o importante é comemorar os 25 anos, ainda que sem balada, só com família, talvez até fazer algo mais simples com os amigos, receber mensagens...

Aliás, como a imagem aí de baixo, que recebo todo ano do site da Internazionale, meu time na Itália. Todo ano eles mandam um parabéns para os usuários cadastrados, com a camisa do time com a idade do aniversariante como número. E pensar que quando eles mandaram pela primeira vez eu tinha 18...

domingo, 25 de janeiro de 2009

Os vícios das férias

Período de férias é ótimo para descansar. Sou dos que gostam de ficar em casa e aproveitar o tempo livre.

Tempo livre: taí algo realmente valioso na vida. Nos últimos quatro anos, esse foi algo raro para mim. Especialmente nos primeiros três, quando tive que enfrentar TCC em 2005 e cursinho pré-vestibular em 2006 e 2007 - tudo pelo sonho de chegar ao curso de jornalismo da USP.

Como nessas férias não estou trabalhando, pude fazer aquilo que há de melhor. Pude estar com a minha família, rever primos, avó, tios, passar um tempo com eles. Mesmo com todos eles morando em São Paulo, é muito difícil conseguir vê-los com frequência.

Fiquei em casa também, e aproveitei para criar alguns vícios. O primeiro é não acordar antes das 10h. Depois que fiquei sabendo que dormir pouco é realmente um problema para a saúde, parei de fazer como na época de cursinho - quando dormia 4h por noite.

Outro vício que criei foram as séries da TV por assinatura. Mas preciso fazer um parênteses sobre a TV a cabo antes.

Pedi para cancelar, para economizar, mas eles insistem em não virem cancelar. No fim, acabaram desistindo, não sei por que, e me ofereceram dois meses sem pagar "por eu ser cliente há muito tempo". Isso é verdade. Menos mal, não vou pagar, como preciso,

Voltando às séries. Estou viciado em Universal Channel. Parecia um canal tão pouco útil, mas de repente descobri que ele tem séries ótimas. O primeiro vício eu "herdei" da minha mãe: Law & Order: Special Victims Unit (procure em séries, não há link direto). Eles são investigadores de casos especiais: os crimes sexuais. Os casos são instigantes e os episódiso são sempre interessantes.

Law & Order: SVU originou-se de outra série muito interessante: Law & Order. A franquia princiapal trata de promotores que enfrentam casos difíceis para tentar fazer justiça. Com uma equipe de investigadores e dois advogados competentes liderados pelo promotor Mc Coy, a série mostra que muitas vezes a justiça precisa driblar a lei para ser feita.

Outra série que fiquei completamente viciado foi House. Primeiro, porque me identifiquei com o protagonista - chato, que pega no pé, fala o que quer (e que muitas vezes não é apropriado). Tanto que já disse que quero uma bengala daquela. Já que o serviço público de saúde não resolve meu problema no joelho, é capaz que eu fiquei como House: com um problema permanente (mas isso é outro assunto...).

Sempre tive vontade de acompanhar séries, mas ou não tinha TV a cabo, ou não tinha tempo. Agora, juntando os dois, percebi como é bom. Pena que as férias irão acabar e vai ficar mais difícil acompanhar cada uma delas...

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Sobre entrevistas de trabalho

Eis que abro o Orkut hoje e encontro a seguinte frase:
Sorte de hoje: A pontualidade é a virtude dos entediados (mas se você for a uma entrevista de emprego, não se atrase)
Lembrei daqueles momentos antes de uma entrevista. E daqueles muitos "gurus" que dizem o que devemos ou não fazer. Via de regra, roupa social, currículo em mãos, tomar a iniciativa e formalidade.

Sempre achei tudo isso um saco. É só uma entrevista, oras! E aí lembro dos mesmos gurus dizendo: "eles estão te avaliando em tudo". E acho mais chato ainda essas regrinhas.

Espere ali na salinha, ok?

Nessas últimas semanas, tenho ido a algumas entrevistas, principalmente para estágio. Particularmente, não costumo ficar nervoso para entrevistas e processos seletivos. Aprendi a ser bem tranquilo. E não gosto de ficar fazendo tipo. Sou humilde, mas não sou morto de fome para aceitar qualquer coisa. Com a constante falta de emprego, as empresas e os entrevistadores muitas vezes acham que você está ali ajoelhado, implorando para ser contratado.

Costumo dizer que em uma entrevista, não é só a empresa que me avalia: eu também avalio a empresa. Ora, cá entre nós, se a empresa é autoritária, metódica e arrogante desde a entrevista, o que você espera que ela seja quando você passa pela porta como funcionário?

Uma das coisas que me irritam em entrevistas são as perguntinhas prontas de RH:

- Quais suas principais qualidades? (paciência!)
- O que você espera estar fazendo daqui a dez anos? (não estar trabalhando aqui, com certeza!)
- Por que devo te contratar? (Por que eu deveria trabalhar aqui?)

Mas há boas entrevistas. No começo dessa semana fiz uma que me fez sair satisfeito. Perguntas interessantes, inteligentes, de quem quer ir além do óbvio.

Isso, por si, já é um bom sinal. Mas teve mais: uma mulher nova me entrevistou, com uma calça jeans e uma blusinha preta. Simples, bonito e sem frescuras.

Mais: fez um teste, uma simulação de uma realidade do trabalho, com condições parecidas. Uma boa forma de se avaliar a capacidade do candidato, além de dar a chance a este de sentir como é o trabalho e sentir se gosta.

Por fim, apresentou mais duas pessoas com quem possivelmente se irá trabalhar - mais uma chance para ambos os lados se avaliarem.

É, fazer entrevistas pode ser divertido. Seja porque o trabalho é promissor, seja porque essa coisa de entrevistas pode ser um circo. De todas as bobagens dicas que nos falam, talvez a única útil seja mesmo: não se atrase!

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Metalinguagem

Mil idéias. Vontade de transformar tudo em palavras. Um turbilhão de palavras, que se alinham em frases e, de repente, somem porque surge uma outra combinação, outras palavras, outras frases. Vontade de escrever tudo, falar sobre tudo, colocar tudo em um texto.
A entrada do ano de 2009, com a família, as mudanças, as lembranças do ano passado, quando a virada do ano foi só o começo... A Fuvest, que me tomou dois anos de preparação, era o prato do dia. Aliás, dos dias: de todos que antecederam os três dias de prova, iniciadas no primeiro final de semana do ano. Vi amigos passando pelo mesmo que passei, pensei o quanto isso mexe com a gente, o quanto transforma nossas vidas.

Pensei que mudou a minha vida. Que eu iria para Londrina, outra cidade, outra vida. Que acabou me dando a chance de conhecer pessoas que se tornaram amigos de um jeito incrível, como se já nos conhecessemos há anos. Como se a amizade já existisse e o que faltava era apenas se encontrar.

Em 2008, comecei o ano com um pedido. Mais: uma obssessão. Queria passar no vestibular. Só isso. Nenhum outro pedido. A realização desse pedido foi tão boa que só pude agradecer o resto do ano por isso. Por ter conseguido.

2009 começou e me perguntaram o que eu queria, quais era meus objetivos para 2009. Pensei e vi que não tinha nada tão claro quanto no ano anterior. Profissionalmente, não tenho pressa. Sei que uma hora ou outra virá algo bom. Tenho ótimos amigos, uma família que gosto. O que mais posso querer?

Pensei mais um pouco. Tive um ano sem grana. Do começo ao fim. Mas não ligo: minha preocupação é só não ficar devendo. O resto eu dou um jeito. Então, o que poderia querer? Pensei em escrever textos sobre quantas vezes já pedi muitas coisas, já coloquei muitos objetivos. Pensei, pensei, mas não escrevi.

Lembrei que foi um ano (ou mais um ano) que não encontrei muitas vezes meu coração. E quando o encontrei, não consegui dá-lo a ninguém. A quem eu quis, não se dispôs a tanto. Na verdade, foi só uma vez. Depois de muito tempo, me apaixonei por alguém. Embora não tenha dado em nada, já é alguma coisa. Pensei em escrever sobre isso, pensei em histórias, mas seria muito melhor escrever isso no Miguelar é preciso.

Para 2009, meu pedido é só que se mantenham as coisas boas de 2008. E que venham surpresas, que são sempre boas! E escrevi isso que acabaram de ler.