segunda-feira, 8 de setembro de 2008

A cidade fantasma

O dia acordou cedo. O sol já estava no seu caminho rumo ao topo quando deixei minha casa. Era domingo. Acordei na mesma hora que todos os dias da semana. Assim como já tinha feito no sábado. Os dois dias foram de captação na São Remo, para o jornal que fazemos para a comunidade.

Pouco ou nenhum movimento na rua. Domingo de manhã é dos poucos momentos que consigo ouvir o canto dos pássaros no meio da cidade. O caminho era o mesmo de todos os dias: atravessar a cidade rumo ao lado oposto.

Centro de São Paulo. Domingo, pouco depois das 9 horas da manhã. A cidade parece estar parada. Umas poucas pessoas circulam perto da Praça da República - entre eles alguns senhores que vestem placas de "compro ouro".

ônibus vazio. Tranquilidade para ir dormindo. O percurso, porém, é mais rápido do que o normal. E mais curto: nos domingos os ônibus não entram na cidade universitária. A USP tem acesso a carros restrito à noite e aos domingos. É preciso mostrar a que veio. Eu não lembrava disso.

Logo na entrada, vejo muitas meninas vestidas com camisetas de cursinho. Propaganda, claro. "Você vai fazer FUVEST esse ano?" "Não, eu já fiz. Já sou da USP" "Ah... Que bom! Parabéns!" "Obrigado".

Era o primeiro dos dois domingos de inscrição na FUVEST e, claro, a cidade universitária era um dos postos para fazer isso. Vi uma certa aglomeração. Estava no portão 1 e a inscrição era na EEFE (Escola de Educação Física e Esporte), bem próxima da entrada.

Uma moça me segue. Com fones nos ouvidos, só a escuto quando ela chega ao meu lado. "Você sabe onde fica esse endereço?" Junto com o endereço, o nome da EEFE. "É logo ali", indiquei.

Ela perguntou se eu estudava ali e balancei a cabeça para dizer que sim. Ela começou a falar da sua batalha para entrar ali. Que tinha tentado ano passado, mas errou tudo na hora de passar as respostas no gabarito do ENEM. Disse que é fácil falar de calma, mas na hora todo mundo fica nervoso. Disse que queria muito fazer USP, que não tinha dinheiro para pagar universidade particular, que tava desempregada. Eu, com pressa, tentava encerrar o assunto. Até que ela foi fazer sua inscrição.

Caminhei em direção ao portão 3. Por sorte, cheguei adiantado - não tinha calculado o tempo a mais pelo fato de os ônibus não entrarem na USP. O cirsular, aos finais de semana, é tão raro quanto achar uma nota de R$ 50 na rua.

A Cidade Universitária em um domingo, especialmente no 7 de setembro que antecede a semana da pátria - quando não há aulas - parece uma cidade fantasma. Nem os corredores tradicionais do sábado estão por lá. Uma ou outra pessoa correndo, um ou outro carro passando. Lembra cidade do interior, com um carro passando a cada 10, 20 minutos. Mesmo assim, só porque era dia de inscrição da Fuvest: nos carros, pais com filhos procurando o posto de inscrição.

Música nos ouvidos, enquanto caminhava até a entrada da São Remo. Cheguei lá em cima da hora. Convresei com algumas pessoas, enquanto via a preparação de dois times para o início de um festival de futebol de várzea ali no campo, em frente ao bar. Um ambiente que eu já estava acostumado: meus primos e meus tios estiveram bastante envolvidos com isso.

Fui até lá para acompanhar dois times da São Remo que se enfrentaram ontem pelo 2º Campeonato Amador: Pão de Queijo x Barça. Mas havia gente demais para ir e... Não teve lugar para esse repórter acompanhar o clássico. Infelizmente, dia perdido.

Mais algumas conversas e peguei o caminho de volta para casa, na cidade universitária vazia. A manhã de domingo já tinha acabado. A tarde se iniciava. Dessa vez, encontrei um circular, raro, e pude chegar mais rápido ao P1 e voltar para casa - com direito a dormir no ônibus e no metrô...

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