domingo, 23 de março de 2008

Web 2.0, Jornalismo 0.5

Dizer que a grande mídia levou uma surra da internet, especialmente no seu início, é bater em bêbado. Fácil, fácil. Do início "promissor", onde a tela era uma extensão do papel à derrocada quase fatal quando a web se descobriu como meio interativo e muito diferente da mídia impressa. Até aí, nenhuma novidade.

Fato é que já temos 13 anos de internet comercial no Brasil e parece que a distância entre grande mídia e internet diminuiu, mas não o suficiente. Na maioria das redações da grande mídia, a redação do online é reduzidíssima, enquanto a do impresso é cheia. Mais do que isso: o online é reprodutor de conteúdos, não produtor.

Há lugares que não é assim. As redações são diferentes, separadas. Mas parece que a do online trabalha para o impresso. Ao menos é o que mostram os portais dos jornalões por aí - que, não por acaso, estão nos grandes portais.

Não custaria tanto mais fazer um trabalho específico para a internet. Trabalhar com mais recursos gráficos, mais interação, dar mais espaço ao leitor. Isso é possível. Em 2005, fiz o meu TCC de Multimeios e coloquei na pauta o jornalismo online em três grande veículos de impresa, de três segmentos diferentes, unidos apenas pelo fio temático, o esporte: Placar, como revista
, Estadão, como jornal diário, e Lance!, como jornal diário específico de esportes.

A minha investigação tinha o pressuposto que os veículos usavam o material do impresso para a versão online. Não sabia exatamente como. A investigação me provou que era algo assim mesmo: as redações dos veículos online eram super reduzidas e reprodutoras. O material que saía no impresso, saía no online, com um "tapinha" - dimunuição de tamanho ou algumas poucas modificações no texto mesmo.

O material republicado na web perdia qualidade, principalmente por causa da formatação: no impresso a diagramação criava um visual atraente enquanto na web o visual era pasteurizado, com fundo branco e texto puro (às vezes com uma foto ou outra). Ou seja: o jornal era melhor.

As coisas melhoraram um pouco de lá para cá, mas talvez não tenha mudado a minha conclusão de então: o melhor dos três veículos era o Lance!, por dar espaço para o leitor, usar uma diagramação mais ousada, cores em todas as páginas. É claro, falamos da versão impressa.

A versão online era tão boa que minha conclusão foi que o jornal impresso era mais interativo do que a versão online. Isso porque na impressa o leitor tinha espaço para críticas, sugestões, frases, espaço para escalar o seu time, com gráficos bem feitos e até para mandar matérias interessantes - o jornal paga por elas quando usa.

As tabelas, os gráficos, o visual, a opinião do leitor que gera matérias interessantes, tudo me levava a crer que a versão online era só uma extensão do impresso, e feita só para marcar território - coisa do início da internet, quando as empresas não sabiam para que servia, mas sabia que precisavam ter.

As coisas melhoram um pouco com o tempo. Melhoraram. Os jornais ficaram melhores e os sites também. O portal do Estadão ficou muito melhor, mais próximo do que é a web hoje. O do Lance! melhorou bastante também.

O da Placar, que era o pior dos três, fez uma evolução bastante visível. Podcast, blog, novo design... E o mais importante: usa a sua excelente qualidade editorial para essa nova forma de fazer jornalismo. Os podcasts com Sergio Xavier, Arnaldo Ribeiro e André Rizek são simplesmente imperdíveis.

Espero que seja un sinal que o jornalismo tá saindo do 0.5 e tentando chegar à web 2.0 - que parece já estar quase no 2.5.

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