segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Lembranças de um ano bom, parte 3: os amigos

Primeira semana de aula na USP, março de 2008. Tive receio que grupos estariam formados, já que eu não tinha ido à semana dos bixos, a semana de recepção. Pensei que poderia ser como no cursinho, onde eram poucos amigos, muito estudo. Felizmente, eu estava errado.

Não demorou para começarem a aparecer risadas, boas conversas, afinidades e, surpreendentemente, amigos. Digo surpreendente porque fazer amigos de verdade não é tão fácil. Mas foi. Rápido, fácil e, de repente, eram CAJUs, a gente reunido, cada vez mais próximos, com laços fortes de amizade.

O começo pode ter sido difícil. Era tudo novo, diferente. O que se viu foi um grupo de amigos surgirem em uma sala, os jornots. E que estariam presentes em todas as festas, no JUCA, no BIFE e que criaram o CAJU. Sim, os jornots 2008, aquele grupo de quase 20 pessoas que se gostam, que curtem, que fazem Caju à fantasia, que fazem CAJU no JUCA e no BIFE, que fazem da vida uma festa (ainda que só em um período do dia, como foi meu caso, porque trabalhava no resto do dia).

Não imaginava que uma sala pudesse ser tão unida, tão amiga, sem panelinhas. Amigos, que gostam de estar juntos, beber, se divertir, dar risadas, sorrir e poder sentir uma saudade danada quando as férias começam.

Em julho, muitos voltaram para casa. Agora, em dezembro, a maioria não volta para casa. Apenas vai visitar os pais, porque a casa deles é bem aqui, em São Paulo. Porque aqui eles também têm família: a família jornot. E como toda família, você sente saudades quando está longe.
Família Jornot, em abril de 2008

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Lembranças de um ano bom, parte 2: FOLHA

Quando resolvi fazer jornalismo, foi por paixão. Escolhi o que meu coração dizia, desde 2003. Foi naquele ano que tive contato com a prática jornalística, em uma matéria do curso de Comunicação e Multimeios, na PUC-SP. Foi ali que comecei a escrever sobre esporte, em formato jornalístico, com matérias semanais para um site que faríamos.

Trabalhar com jornalismo era o meu sonho mais imediato. No caminho rumo ao curso de jornalismo da USP, tive uma grande oportunidade: um trabalho para uma das maiores editoras do país.

O freelance para a editora Abril, em 2006, quando escrevi textos para o Guia do Estudante 2007, foi incrível. Tomou todo meu tempo livre (que praticamente não existia, já que trabalhava em período integral e ainda fazia cursinho à noite). Fiquei sem dormir alguns dias. Mas valeu como início, como currículo e, principalmente, como experiência.

2008 começou espetacular. Passar no vestibular da USP para jornalismo e, logo em seguida, participar da semana de palestras da Folha de S. Paulo, um dos mais tradicionais jornais do país. Tinha me inscrito algumas vezes, mas nunca tinha sido selecionado.

Depois de uma semana de palestras ótima, surgiu a chance: um trabalho temporário para a editoria de Informática. Essa era uma área que eu tinha conhecimento, certa experiência. Eu sabia que tinha chance.

Mandei o currículo, concorri à vaga, fiz a prova e fui chamado. Isso ainda no primeiro dia de aula na faculdade. No segundo dia! Eu mal tinha começado e já tinha uma oportunidade de ouro. No começo, muitas dúvidas, um sistema novo, uma área nova. A Folha era uma gigante e eu, só um iniciante.

Editar, mexer em textos, revisar. Trabalho de redação, parecido com o que o antigo copydesk fazia. A vida na redação era fascinante, apesar de o tratamento ser sempre de um estrangeiro. O tema tecnologia me interessava e via nomes que eu lia mandando matérias para que eu revisasse (o Théo Azevedo, que hoje escreve para o UOL, além da Folha, foi o principal).

A primeira matéria não passou pelo editor. Já tinha ouvido muitas histórias de editores que execravam seus repórteres/redatores, mas não foi o caso. Ele simplesmente apontou algo que não gostou e, junto com um dos redatores, barrou a matéria. Normal.

Veio a oportunidade de fazer uma segunda matéria. Dessa vez, quase caiu no colo: o Flickr lançando o serviço de vídeo (só para assinantes UOL ou Folha). A primeira matéria publicada!

Veio, então, outra oportunidade: escrever outra matéria. Dessa vez, a matéria de capa, junto com a excelente Camila Rodrigues (hoje no UOL Tecnologia e no GigaBlog, blog da redação sobre tecnologia). O tema: GPS. Aproveitei dados e entrevistas que tinha feito para a primeira matéria para compor a segunda, sobre GPS em celulares (tb só para assinantes). Assinamos juntos a matéria "Navegadores desviam de vias principais".

Depois disso, fiz mais alguns trabalhos de redação e depois saí. Foi uma experiência incrível trabalhar por um curto período na Folha, escrever matéria e aprender um pouco mais. Certamente algo que ficou marcado. Mais um fato marcante de 2008!

Aos poucos, ganhei a chance de escrever uma matéria.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Lembranças de um ano bom, parte 1: FUVEST 2008

O texto a seguir é de 6 de fevereiro, assim que soube que tinha passado no vestibular da Fuvest 2008, para jornalismo - o curso mais concorrido do ano (41.63 candidatos por vaga). Escrevi ainda com o sangue fervendo de alegria. E, desde então até hoje, ficou no meu perfil do Orkut. Vejam:

Houve um momento, há quase 12 anos, que ouvi pela primeira vez: "você deve ser jornalista". Era aula de redação na quinta série. E quem me falou isso foi a professora.

O tempo passou e o que eu decidi fazer passava longe de jornalismo: queria ser designer de games. Computação gráfica era uma grande paixão. Por falta de opção, acabei no curso universitário que mais se aproximava do que eu queria: Comunicação e Multimeios, pela PUC-SP. E foi lá que tive contato com jornalismo pela primeira vez, em uma oficina. Foi paixão imediata. E dali em diante eu sabia que seria jornalista. Mas quis terminar o curso, porque não queria perder a bolsa, que foi tão difícil de conseguir.

Chegou o fim de curso e resolvi colocar em prática a idéia antiga: ser jornalista. Fui atrás da formação. Não consegui fazer o curso na própria PUC, então decidi que seria na ECA. Seria ECA ou nada!

2006. Ano que me esforcei, estudei, me dediquei. Não foi suficiente. Cheguei à segunda fase, senti cheiro da vitória, mas não pude saboreá-la. E agora? Mais um ano de estudo.

Um ano inteiro de dedicação, mais do que o ano anterior. Dedicação máxima, o tempo todo, estudos, livros, exercícios. Fins de semana, feriados, noites. Saí do meu trabalho, no fim do ano, para me dedicar exclusivamente aos estudos. Viveria de freelances.

2008. O ano começa com uma boa notícia: a aprovação na UEL. A formação de jornalista estava garantida. Três semanas depois, chega a notícia: Jornalismo noturno, USP: aprovado! Era o fim da caminhada rumo à USP, o começo da carreira como jornalista de fato.

Antes mesmo de começarem as aulas oficialmente, chega a notícia de um possível freelance. Mas dessa vez era diferente: seria como jornalista. E depois de apenas uma aula na faculdade, a boa notícia: o primeiro freelance como jornalista na grande mídia. E é só o começo... A Copa do Mundo me espera! :)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Sobre o BIFE, ou porque jornot é mais legal

Não disse uma palavra sobre o BIFE e acho que merece. Então lá vai.

Jogos universitários. Diferente do JUCA (que não pude ir, mas não vem ao caso), o BIFE é só entre as faculdades da USP. É um evento menor do que o JUCA, mais tranquilo, menos pessoas. Mesmo assim, os jornots '08 (jornalismo noturno, turma 2008) levou nada mais, nada menos do que 13 pessoas. Sim, meus amigos, 13! Nenhuma, repito, nenhuma turma levou tantas pessoas como nós.

Mais do que isso. Não é só uma questão de quantidade. Ficamos quase todos na mesma sala de aula - que serve como alojamento. Colchões infláveis - que nem foi o meu caso, diga-se), risadas, oncinha, cantando errado com Tulio (sucessos como "Diz que é mentira", "Dig-dig-joy, dig-joy cowboy", entre outros), histórias para contar e fotos que jamais serão compartilhadas (é preciso um pendrive e muita boa vontade para ir atrás dessas fotos que ninguém nunca mais vê! hehe).

Momentos incríveis, de todo mundo cantar junto, de bebida, de camarote vip jornot ná última noite, de velho barreiro, de tudo um pouco. De ônibus inteiro acordado porque os jornots não param de cantar, gritar, falar alto. Na ida e na volta. De tirar barato até de vômito de alguém que nem era de jornot.

Porque ser jornot, meus amigos, é algo que ninguém explica. Simplesmente se vive. Um CAJU no BIFE é algo que fica para sempre. Assim como os CAJUs, que não param. E só vão parar se a gente quiser.

Não há turma como essa. Talvez não haja outra como essa. Porque jornot '08, amigos, é muito mais legal.

sábado, 15 de novembro de 2008

Casa fora de casa

Pela segunda vez em dois anos, pensei seriamente em me mudar. Mas não seria uma mudança qualquer: sair da casa da minha mãe. Obviamente, não pelos motivos que adolescentes revoltados têm. A minha idéia era morar em um lugar mais próximo da minha vida cotidiana no trabalho e faculdade. E claro, em segundo, poder ter um espaço meu.

Em 2006, a idéia começou como uma semente, mas foi brotando com mais e mais força. Quando vi, já tinha armado tudo para isso. Uma amiga de Bauru viria para Sâo Paulo e procurava alguém para dividir o aluguel. A princípio, não tinha pensado na possibilidade de morar com ela, mas depois uni a idéia de morar sozinho com a busca que ela fazia. Bingo! Talvez fosse a solução.

Pensei, conversei com ela e deixamos tudo mais ou menos armado. Provavelmente iria me mudar da casa onde morava, já que minha tia e minha mãe tomariam caminhos diferentes. Minha mãe queria comprar uma casa e eu queria gastar menos tempo com transporte.

Não deu certo. Minha amiga conseguiu um apartamento ótimo, de um quarto apenas, na Paulista, por um preço que ela podia pagar. Não podia perder. E pensando bem, talvez tenha sido melhor assim. Nossa amizade é ótima, mas somos homem e mulher, o que poderia implicar em problemas futuros. Adiei os planos, já que não encontrei um lugar que pudesse pagar sozinho.

Eu já fazia cursinho e resolvi mudar de emprego. Ganhando menos, tive que definitivamente adiar os planos, até conseguir me estabilizar novamente. Mas isso não aconteceu: fiquei apenas oito meses na empresa. Embora tenha sido um ótimo trabalho em uma excelente empresa, era hora de tentar inovar.

Mudei em busca de tranquilidade para os estudos, já que não tinha passado na Fuvest depois de quase um ano de cursinho. Resolvi priorizar isso na minha vida em relação ao trabalho, à carreira e, conseqüentemente, a ganhar um salário maior. Morar fora de casa não era mais parte dos meus planos.

Em 2008, já na universidade, com um emprego mais ou menos estável (ainda que com cada vez mais problemas), a idéia voltou à tona. Grande parte dos amigos da faculdade, da sala, são de fora da cidade de São Paulo. Moram em repúblicas. E depois dos fortes laços de amizade criados nesse ano de USP (JORNOT É MAIS LEGAL!), a idéia de morar junto passou pela cabeça de várias pessoas - inclusive a minha.

A idéia era morar com alguém da turma. Parecia surgir a oportunidade e os planos voltaram à tona - especialmente porque passei a trabalhar dentro da USP. A idéia foi amadurecendo, mas não tinha forma ainda. O amigo com quem tinha pensado em dividir um apartamento não poderá mais. A idéia perde força e provavelmente terá que ser adiada, no mínimo, em alguns meses.

Talvez seja bom. É preciso preparar bem o terreno. E me dá mais margem para arriscar profissionalmente, se eu quiser mudar. Fica adiada a mudança de casa. Será importante ganhar um respiro para quando for a hora novamente.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O mundo é um salão de festas

Vermelho. A luz era vermelha. A beleza era vermelha. A faixa era vermelha. Ali, naquele pequeno espaço, havia um mundo. Um mundo que se fez único enquanto existiu. Lá fora, não havia nada, só silêncio. Dentro, música, alegria, sorrisos, amigos e nada que pudesse impedir os pés de dançarem.

Os pés, descondenados, só faziam dançar o que o corpo permitisse, o que os olhos não vissem e o que a pele sentisse. Pulos, passos, música. Dança, dança, dança. Com as mãos, sem as mãos, com os pés, com os braços para o alto, com sorriso, com suor, com pele com pele.

Nem o final de cada música determina o fim da dança. Ela não acaba, continua ecoando, emenda-se na próxima. A pista enche. Os corpos balanças, de olhos fechados ou abertos, com ou sem destreza, mas sempre com muita alegria.

Backstreet Boys ataca com Everybody, a mais agitada da noite. Braços pro alto, versos entoados com gritos, sorrisos e olhares de alegria trocados. Rehab é ótima, mas All the Jazz combina mais, em passos alucinantes, no ritmo gostoso do jazz. Corpos que se separam e se unem, se tocam e vibram com cada nota musical.

Em cada passo, sorrisos. Em cada música, um novo ânimo. Em cada bebida, alucinação. Em cada olhar, alegria. Em cada olhar, pensamentos inesperados. O vermelho na faixa, no peito, na boca. Vermelho? Red, red, red, diria Fiona Apple.

A cor que ela menciona, porém é black. Back to Black. Mas sem a tristeza: no seu rosto, o que se vê são as duas maçãs do rosto rosadas, suadas, felizes e com gosto imaginário na boca. Boca? Como chegou até ali? Pensamentos, loucuras, devaneios. Porque o mundo se fez ali. Sem os limites que o raiar do sol pode trazer.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Um sorriso a mais não faz mal

Obama se elegeu presidente do país mais importante do mundo, os EUA. É inevitável que todos fiquem cheios de otimismo, afinal, é o primeiro negro a ser presidente estadunidense (americanos somos todos nós! Não? hehe), tem em seu discurso a esperança, parece muito mais sensato em relação à política internacional.

Mais do que isso, no jornal Metro de hoje o colunista Rodrigo Leão disse uma frase interessante:
Sua eleição [de Obama] é a coração de um processo mundial que vem susbstituindo a imagem principesca dos líderes de outrora por homens com mais cara de ponto de ônibus e menos cara de campo de pólo.
O que me surpreendeu, porém, foi a excessiva alegria de alguns. Pesosas que, inclusive, sequer gostam de política. Mais do que isso: odeiam. Mas se sentiram emocionados com o discurso de Obama e felizes com o fato de ele ter sido eleito. Chegaram a derramar lágrimas (?!).

Como eu disse, acho que há motivos de sobra para ficar feliz com a eleição de Barack Obama. Ele parece ser um político que irá mudar as relações dos EUA com o resto do mundo, que é a parte que mais nos interessa. Mas não se esqueçam que ele é presidente dos EUA e irá defender o interesse daquele país. E é um país em crise, a maior desde 1929.

Estou bem feliz com a eleição do Obama. Mas vamos com calma que o santo é de barro! Não esperem medidas simpáticas só porque o presidente é simpático! Ele defende o que é de interesse dos EUA - o que nem sempre coincide com o interesse de outras nações.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Flecha na noite

A música nos fazia cantar. Cervejas, amigos, alegria estampada em sorrisos, em versos, em prosa. O dia se deitava e a noite escurecia o céu e trazia as estrelas para nos dar meia luz.

Em um piscar de olhos, ela apareceu. Tal qual as estrelas, quando ela chegou já era noite. Chegou, sorriu, mas seus olhos não me procuraram. Seus passos seguiram retos até outro lugar, outros braços.

Aproximou os seus lábios de outros e disparou com uma flecha contra o meu peito. Apesar de distância, atirou de muito perto. Rasgou minha pele e explodiu bem no coração. O que aconteceu? O que faz esse incômodo aí?

O céu estrelado ganhou nuvens escuras, tapando a meia luz. Escuridão no peito, flecha fincada, versos e prosa calados, ainda que ainda cantados. Voz embargada, silenciada. Palavras mudas.

Olhos perdidos. Pensamentos esparsos. É preciso centrar-se. Claridade, paz, serenidade. Paz? Não há paz. Claridade de idéias para tentar continuar, serenidade para criar uma barreira às lágrimas, que parecem inevitáveis.

Auto-controle. Sorrisos artificiais. Gosto de sangue, flecha atracada no peito. Os olhos evitam ver de novo, receber nova flechada. Nos olhos, a barreira segura as lágrimas. No coração, o sangue continua sendo bombado. Lentamente, dolorosamente.

Mas vive. Continua batendo loucamente quando a vê. E cheio de esperança.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Mil palavras no silêncio

Tinha programado, pensado, medido, imagino, sentido. Pensava mil vezes em como seria, qual palavras usaria... As palavras passavam aos milhares na cabeça. Faltava pouco, seria hora de falar. Pensando parecia tão fácil...

Ansiedade. Dúvida. Medo. Mãos suando frio. Ela aparece, curiosamente vestida de amarelo. Uma cor agradável, leve, mas também atraente. A voz embarga, a pele arrepia. E agora? Na imaginação, a cena já se repetiu mil vezes. Parecia tão fácil, mas na hora é sempre diferente.

E o teeeeeeeempo passa. As mãos tremem, não sabem bem onde ficar. De repente, a situação parece se caminhar para o ideal. Só ela ali, ao lado. Ela pega fones de ouvido, e abre o livro. Troco algumas palavras, esperando que a coragem apareça.

Ela lê com expressão tranquila. Na minha mente, mil vezes eu comecei a falar. Na verdade, minhas mão scontinuaram suando frio, mas nenhuma palavra é pronunciada. Muitas se atropelam na boca, mas nenhuma sai.

O relógio não para. Nem os pensamentos. Mas as palavras permanecem intactas na mente. Querem sair, mas encontrar uma barreira montada. Timidez? Provavelmente.

Em várias situações isso parece muito mais fácil. Mas não com ela. Não com quem mexe tão profundamente, que parece te tornar tão vulnerável. Não com alguém que domina os pensamentos. Não com quem faz o coração bater na garganta.

As palavras se amontoam, estufam o peito, quase fazem engasgar. Parecem que irão explodir, mas não saem. Simplesmente não saem. O tempo, implacável, dá sua sentença: você perdeu a chance. Not today.

Seriam mais dois dias para uma nova chance. Dois dias, algo tão simples, corriqueiro, mas que parecia tão, tão longe... Mais dois dias de imaginação a mil, pensamentos incessantes, até que a hora de falar chegue...

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A mulher dos sonhos

Reconhecia bem onde estava. Era estranho estar ali, depois de tanto anos. Não me sentia à vontade, parecia que o lugar não fazia mais parte de mim. Talvez não fizesse mesmo. Não lembrava a razão de estar ali, naquele momento.

Olhava para o lado para tentar entender. Sentado no chão e encostado em uma pilastra, observava o que acontecia, sem saber bem o que fazia ali. Via rostos conhecidos, mas não falava com nenhum deles. Aliás, parecia que eu sequer existia naquele lugar. Me sentia um observador externo, como se ninguém pudesse me ver mas eu pudesse ver a todos.

Foi quando eu a vi. Ela não tinha nada a ver com aquele lugar. Nenhuma relação, nada. Tinha a ver comigo, só comigo. Um momento passado, mas com ela, ali, totalmente presente e atual. Uma combinação inexplicável - mas que eu sequer pensei na hora.

Ela estava toda de preto, saia e blusinha. Os olhos com o brilho que eu já estava acostumado a me encantar todas as vezes como se fosse sempre novo. A pele, o sorriso, o olhar que tirou toda armadura que me protegia desses sentimentos.

Ela sorriu para mim e veio andando em minha direção. Abaixou-se na minha frente e me beijou, de uma forma que eu nunca vou me esquecer. Uma forma que me pareceu tão familiar... "Queria bater o recorde daquele dia", ela disse.

Ali eu senti que tudo aquilo fazia sentido. Não precisava ser explicado, era para ser vivido. Ela e seu vestido preto, ela e seu beijo misterioso, ela e meu desejo mais intenso, que ela parecia conhecer perfeitamente. 

Quando vejo, estou de olhos fechados. Torcendo para que aquele beijo seja de verdade um dia.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Vida de londrino

"Londrino"?, você vai me perguntar. Sim, londrino! Não, não nasci em Londres. Não, também não é uma alusão à querida Londrina, que me conquistou, mesmo eu sendo paulistano, nos poucos dias que passei lá, quando quase fui estudar na UEL - e só não fui porque a USP me chamou para ficar por aqui em São Paulo.

Então, afinal, por que londrino?

Bom, isso começou quando o Alicio começou a me chamar assim nos dias de frio que eu aparecia de camiseta. E como isso se repetia sempre, ele me chamou assim várias vezes. Com o detalhe que as coisas ainda são bem parecidas hoje.

Depois, veio Londrina. Ok, não passei mais do que uns dias por lá. Não é motivo para ser chamado assim. Mas é quase uma homenagem àquela cidade tão bela e que me acolheu muito bem, mesmo eu não tendo ficado por lá.

Mas tem um motivo a mais. Esses dias eu vi um pedaço do Lavanderia MTV da qual participou a sempre interessante Georgia, uma amiga de longa data. O assunto: um namoro a distância com um londrino.

Bom, ainda não deu para entender, mas já explico: ali no começo do programa ela explica que o estilo dele é low profile, tímido. Inglês, oras. Ela conta que ele não dava sinais de que estava afim. Ele, contudo, contou a ela que achava que estava dando a maior bandeira - na visão dele, claro.

Comigo acontece mais ou menos a mesma coisa. Algum tempo atrás, acreditei ter demostrado que estava muito interessado em uma menina. A impressão dos outros, porém, foi justamente o contrário: ela que parecia estar dando em cima de mim. Não desmenti, como também não confirmei.

Recentemente, a mesma menina, a mesma situação. A minha impressão é que eu estava em cima dela. Mas a impressão que ficou para uns amigos foi que eu "lerdeei", ou seja, que ela deu mole e eu não aproveitei.

Dessa vez, eu desmenti: disse que eu queria, que fiz tudo para demonstrar e, mais do que isso, cheguei para tentar fazer acontecer. Talvez tenha errado a forma. Talvez ela realmente não queria e ponto.

Será que eu sou londrino e não sei?

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Você tem uma união estável?

Estava no meu gmail quando vejo um dos anúncios relevantes no alto da página: "www.priscilagoldenberg.adv.br - saiba a diferença entre união estável e namoro", ou algo do tipo. Achei curioso, porque o e-mail nada tinha a ver com a assunto, mas cliquei lá para conferir.

O site - excessivamente pequeno, por sinal - explica o que é uma união estável, como se caracteriza, o que isso implica e tudo mais. No final, ela (imagino que tenha sido ela que escreveu ou, ao menos, que aprovou) explica que um namoro onde as pessoas não morem juntas dificilmente se enquadra como união estável. Até aí, o texto ia muito bem. Mas aí vem essa pérola, que fecha o último parágrafo:

Assim, como a relação de namoro pode ser confundida com uma união estável, é bastante importante a elaboração de um contrato de convivência em que os companheiros estabeleçam o marco inicial da união estável.
Como é que é? Aí virou jabazão, e forçado. Como assim, assinar um "contrato de convivência"? As pessoas fogem de casamentos, porque alguém, em sã consciência, assinaria um contrato desse? Até porque se for para assinar um contrato, que seja logo o casamento (que segundo a moça mesmo diz no texto, vale o mesmo que a tal união estável ou o contrato bendito).

Eu hein...

domingo, 14 de setembro de 2008

O friozinho na barriga

1997. Campeonato de sócios do Corinthians. Meu pai via ali a chance de eu me tornar jogador de futebol. "O novo Zé Elias", dizia ele. Eu, apaixonado por futebol, via ali um começo. Tinha 13 anos, podia ser a chance. Sentia um frio na barriga toda vez que acordava nos sábados de manhã para jogar.

O futebol era das poucas coisas que me davam frio na barriga. A outra, claro, era quando me apaixonava por alguma menina. A paixão talvez seja a única que ainda conseguia fazer isso hoje em dia - embora esteja cada vez mais rara.

Já tive entrevistas de emprego que fiquei ansioso. Ansiedade é algo normal, corriqueiro até, quando vou fazer algo novo, conhecer algo diferente, encarar um desafio. Mas aquele frio na barriga, que me gelava, me deixava com as mãos frias... Esse é raro.

Depois que parei de jogar futebol, disputar campeonatos e que as paixões rarearam, essa sensação estava esquecida.

Estava.

Surge um desafio em uma sexta à noite. Um texto, 3.500 caracteres. Um assunto que eu entendo muito bem. Por que o frio na barriga? Porque era um teste. Uma perspectiva. Uma esperança que se acendeu, mesmo que remota. Algo diferente, algo emocionante.

Sábado, então, foi hora de colocar isso em prática. Mãos no teclado e muita leitura, para ter apenas certezas nas palavras. Palavras, frases, e vòila! Ops, passou um pouco o número de caracteres. Edita, edita, edita... Ops, agora faltou. Edita, edita e... Perfeito!

Cada vez que eu faço isso, sinto que eu realmente nasci para trabalhar com jornalismo.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A mão "invisível do mercado" tomou um tapão do governo americano

Um dos tópicos que sempre causa controvérsia em pessoas que gostam de política (seja em aulas de história, seja em aulas sobre economia, seja em uma mesa de bar) é a intervenção do Estado na economia. Quem prega esse tipo de prática é o liberalismo econômico, forte em países como os EUA.

O liberalismo é a doutrina política que propõe um Estado limitado, com menos participação na economia. John Locke (1632-1704) foi um dos principais ideólogos do liberalismo, que justamente buscava na liberdade individual uma forma de mudar o absolutismo monárquico e o direito divino, ainda muito fortes em sua época.

Um dos pilares dessa doutrina é o livre mercado. Esse ponto é o chamado "liberalismo econômico", que já foi adaptado e é chamado de neoliberalismo. A idéia é a não intervenção do mercado na economia, com comércio sem restrições, diferente do mercantilismo e do protecionismo.

Os Estados Unidos é considerado o país do liberalismo, que defende um mercado aberto, uma concorrência livre, um mercado que viva sob uma auto-regulação - é a "mão invisível" do mercado.

Os americanos levantam essa bandeira por dois motivos básicos. Um deles é histórico. Os Estados Unidos têm em sua história uma luta por direitos individuais, especialmente pela forma como foi formado - colonos ingleses expulsos da Inglaterra. A liberdade individual sempre foi fundamental para que os Estaods Unidos pudesse nascer como país.

O segundo motivo é econômico. Aproveitando o vácuo deixado pelas potências européias em guerra, no início do século XX, os americanos fizeram sua economia - que já vinha em pleno crescimento - se expandir para todo o mundo. Sua indústria é forte e substituiu à altura os europeus - às vezes até de forma mais eficiente, uma característica dos EUA.

Avançando mais de 50 anos no tempo, os EUA possuem um PIB maior do que qualquer outro no mundo. A livre concorrência, nesse caso, beneficiaria a quem mais (e melhor) produz - não por acaso, são eles. Assim, o liberalismo econômico é uma doutrina bastante clara para os americanos.

Porém, o protecionismo - algo que os EUA condenam nos países subdesenvolvidos, especialmente no ramo de eletrônicos - faz parte do cotidiano americano. Os commodities importados pelos americanos sofrem grande tarifação, para proteger os produtores dentro do país - haja vista a laranja brasileira, de melhor qualidade e preço do que as americanas, mas que sofrem tarifação de quase 30% para não quebrar os produtores americanos.

Olhando por esse prisma, os Estados Unidos parecem defender o liberalismo apenas naquilo que lhe interessa. A rodada de Doha mostrou exatamente isso: os desenvolvidos querem menos tarifas alfandegárias para os produtos eletrônicos e manufaturados em geral, mas não querem abrir mão dos subsídios e da sobretaxa sobre os produtos agrícolas.

Essa semana, porém, o liberalismo americano (nesse sentido econômico, já que o sentido político de liberalismo nso EUA é completamente diferente) sofreu um duro golpe. O governo americano fez uma grande intervenção nos dois maiores bancos de financiamento imobiliários do país, Fannie Mae e Freddy Mac. O governo demitiu diretores e investirá U$ 200 bilhões para salvar as duas empresas.

A intervenção, dizem analistas, era fundamental. O erro foi a falta de fiscaliazação do governo. Vejam só, o problema foi que a mão invisível ficou fora de controle! Logo no país com economia mais liberal do mundo.

Se fosse em uma país subdesenvolvido, provavelmente essa medida seria encarada como "atrasada", uma estatização de duas empresas privadas. Ao que parece, a economia não pode caminhar assim tão solta como os EUA parecem querer acreditar (ou nos fazer acreditar)....

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

A cidade fantasma

O dia acordou cedo. O sol já estava no seu caminho rumo ao topo quando deixei minha casa. Era domingo. Acordei na mesma hora que todos os dias da semana. Assim como já tinha feito no sábado. Os dois dias foram de captação na São Remo, para o jornal que fazemos para a comunidade.

Pouco ou nenhum movimento na rua. Domingo de manhã é dos poucos momentos que consigo ouvir o canto dos pássaros no meio da cidade. O caminho era o mesmo de todos os dias: atravessar a cidade rumo ao lado oposto.

Centro de São Paulo. Domingo, pouco depois das 9 horas da manhã. A cidade parece estar parada. Umas poucas pessoas circulam perto da Praça da República - entre eles alguns senhores que vestem placas de "compro ouro".

ônibus vazio. Tranquilidade para ir dormindo. O percurso, porém, é mais rápido do que o normal. E mais curto: nos domingos os ônibus não entram na cidade universitária. A USP tem acesso a carros restrito à noite e aos domingos. É preciso mostrar a que veio. Eu não lembrava disso.

Logo na entrada, vejo muitas meninas vestidas com camisetas de cursinho. Propaganda, claro. "Você vai fazer FUVEST esse ano?" "Não, eu já fiz. Já sou da USP" "Ah... Que bom! Parabéns!" "Obrigado".

Era o primeiro dos dois domingos de inscrição na FUVEST e, claro, a cidade universitária era um dos postos para fazer isso. Vi uma certa aglomeração. Estava no portão 1 e a inscrição era na EEFE (Escola de Educação Física e Esporte), bem próxima da entrada.

Uma moça me segue. Com fones nos ouvidos, só a escuto quando ela chega ao meu lado. "Você sabe onde fica esse endereço?" Junto com o endereço, o nome da EEFE. "É logo ali", indiquei.

Ela perguntou se eu estudava ali e balancei a cabeça para dizer que sim. Ela começou a falar da sua batalha para entrar ali. Que tinha tentado ano passado, mas errou tudo na hora de passar as respostas no gabarito do ENEM. Disse que é fácil falar de calma, mas na hora todo mundo fica nervoso. Disse que queria muito fazer USP, que não tinha dinheiro para pagar universidade particular, que tava desempregada. Eu, com pressa, tentava encerrar o assunto. Até que ela foi fazer sua inscrição.

Caminhei em direção ao portão 3. Por sorte, cheguei adiantado - não tinha calculado o tempo a mais pelo fato de os ônibus não entrarem na USP. O cirsular, aos finais de semana, é tão raro quanto achar uma nota de R$ 50 na rua.

A Cidade Universitária em um domingo, especialmente no 7 de setembro que antecede a semana da pátria - quando não há aulas - parece uma cidade fantasma. Nem os corredores tradicionais do sábado estão por lá. Uma ou outra pessoa correndo, um ou outro carro passando. Lembra cidade do interior, com um carro passando a cada 10, 20 minutos. Mesmo assim, só porque era dia de inscrição da Fuvest: nos carros, pais com filhos procurando o posto de inscrição.

Música nos ouvidos, enquanto caminhava até a entrada da São Remo. Cheguei lá em cima da hora. Convresei com algumas pessoas, enquanto via a preparação de dois times para o início de um festival de futebol de várzea ali no campo, em frente ao bar. Um ambiente que eu já estava acostumado: meus primos e meus tios estiveram bastante envolvidos com isso.

Fui até lá para acompanhar dois times da São Remo que se enfrentaram ontem pelo 2º Campeonato Amador: Pão de Queijo x Barça. Mas havia gente demais para ir e... Não teve lugar para esse repórter acompanhar o clássico. Infelizmente, dia perdido.

Mais algumas conversas e peguei o caminho de volta para casa, na cidade universitária vazia. A manhã de domingo já tinha acabado. A tarde se iniciava. Dessa vez, encontrei um circular, raro, e pude chegar mais rápido ao P1 e voltar para casa - com direito a dormir no ônibus e no metrô...

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Agosto com cara de novembro

Foto: Apoena Machado CunhaFinal de semestre é sempre uma correria para quem estuda. São provas, trabalhos, resenhas, dezenas de textos para ler e toda sorte de tarefas que precisam ser feitas custe o que custar. O final do semestre passado, por exemplo, mostrou que quem não se programa para fazer as inevitáveis tarefas de fim de semestre, acaba tendo seu tempo devorado, suas noites ficam em claro, seus finais de semana são destituídos.

Bom, começa outro semestre. Logo no começo, as coisas são mais tranqüilas... NOT! O meu mês de agosto foi corrido. MUITO corrido. Apresentei simplesmente dois seminários, já fiz alguns trabalhos (que realmente tomaram tempo) e tenho uma lista de textos que não li para ler enorme.

No final do semestre passado, comentei com um colega de classe que você pode não estudar durante todo o semestre, mas a USP cobra a conta no final. E olha que a ECA é das faculdade que menos cobra, dizem. Eu mesmo vivo fazendo críticas que faltam leituras às nossas aulas.

Um dos professores mais famosos e comentados do cursos, inclusive, dá uma aula ótima. Fala de diversos pensadores, passa por muitas teorias importantes. Porém, não lemos uma linha sequer de qualquer um dos autores falados em aula.

Isso gera um problema: alunos que acham que conhecem algo só porque ouviram e leram um texto de um professor sobre o assunto. Alguns chegam a ter a pretensão de fazer perguntas usando esse "arcabouço" de conhecimento extremamente frágil. E forma gente prepotente e arrogante que acha que sabe mais do que sabe.

Fato é que mesmo com esses defeitos, ainda temos muito o que fazer. E o primeiro mês do segundo semestre, tradicionalmente tranquilo, passou a ser corrido como o último. Uma veterana me alertou: "semestre de jornal laboratório é corrido do início ao fim". Talvez. Para quem trabalha, mais ainda.

Mesmo em um ritmo frenético, dormindo pouco em várias noites, tendo muito o que estudar - inclusive nos finais de semana (cursinho reloaded) -, tudo tem valido muito a pena. Primeiro, claro, porque o assunto me interessa, estudar jornalismo é algo que eu sabia que gostaria.

Segundo, porque o clima universitário é ótimo. Ontem fui ao bandeijão da USP pela primeira vez (shame on me) e achei ótimo. As pessoas que conheci são incríveis - algumas delas linkadas aí do lado, como a Alice, o Túlio, Vitor, Fontes, Mari e Clara. Há outras pessoas importantes, que não estão online, mas fazem essa aventura valer a pena.

A segunda faculdade cansa. Mas faz sorrir muito mais. Que venha mais!

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Pobres, não!

Quarta-feira fui ao shopping Cidade Jardim, o mais novo de São Paulo. O local é para playboys que vão com seus carrinhos é mais apropriado para quem vai de carro. Até porque não há entrada, a não ser pelo estacionamento (eu disse estacionamento? Leia-se self parking ou valet parking).

Todo shopping tem uma praça de alimentação e um cinema, certo? Bom, há cinema no Cidade Jardim, mas praça de alimentação... Não. Ou melhor, há uma Baked Potato, onde você pode se deliciar com uma iguaria vendida somente lá: batata recheada com caviar.

Quer comer? Ok, basta se dirigir a um restaurante que fica bem no primeiro piso. Restaurante mesmo, com garçom, menu e tudo. Nada de lanchinho de R$ 15 (e eu xingando o Mc Donalds e Burguer King por serem caros...). Só prato que é difícil falar o nome.

Caminhando pelo shopping, vê-se Tiffany's, Luis Vuitton, Rolex e outras lojinhas que vendem pechinchas. Pior: a Rolex tava cheia. E o que eu vi de mais barato na vitrine tinha uma etiqueta de "R$ 2.000".

Ah, tem a Daslu. E com ofertas! Nas compras acima de R$ 5.000, eles parcelam em três vezes no American Express (Amex, para os íntimos). Na Livraria da Vila, onde foi o lançamento, algumas "obras de arte" como o livro sobre o Pelé, enorme, em capa dura, fotos incríveis e design impecável. O preço? R$ 5.200.

Não poderia deixar de falar das figuras pessoas. Vário modelos de Vitor Fasano, com suas camisas pólo em plena noite de quarta, suas sapatilhas caríssimas e perfumes que se espalham a metros de distância. E com seus filhos, com o modelo igual, só que júnior.

As moças, com acessórios que eu nem consegui contar, vestidos lindos, todas super bem vestidas e com jeito de "estou casual só porque aqui é um shopping". Perfumes deliciosos, cabelos brilhantes, dentes impecáveis, maquiagem não muito carregada, mas atraente. Sandálias e sapatos que devem custar mais do que um iPod Classic de 160 Gbytes. Pessoas bem cuidadas, sabe? Nem precisa nascer tão bonita assim para ser atraente - e mesmo assim, elas nascem!

Saí de lá com a sensação que tem MUITA gente com MUITA grana. E que esse dinheiro passa longe, bem longe de mim.

sábado, 16 de agosto de 2008

A última gota do copo

Tem aquela coisinha que te irrita, mas irrita só um pouco. Nem irrita: é um pequeno incômodo, que você aguenta porque ainda está no começo do namoro, ou acabou de trocar de trabalho. "Tudo bem", você pensa, "logo melhora, eu me acostumo".

É so um jeito de falar que te incomoda, é só um ciúme um pouco exagerado, é só uma hora extra, é uma emergência, é importante, o cliente não quer esperar. Você aguenta, porque, afinal, é preciso ter paciência - no meu caso, era particularmente tímido para retrucar nese tipo de situação.

Aos poucos, os pequenos incômodos vão se acumulando. Mais uma hora extra, mais um ataque de ciúme, mais um jeito de falar que te deixa possesso. De repente, ela te pede para ir buscá-la, ou seu chefe pede para vir no fim de semana. Pronto. O copo, que estava cheio, transborda. Explosão, impulso, raiva, tdo junto, misturado, que ganha contornos mais terríveis do que o fato em si. Resultado de muitas pequenas coisas guardadas, quase sem querer...

Já tendo vivido situãções assim, passei a evitar ao máximo esse tipo de coisa. Não aceito pequenos problemas quieto: prefiro tentar dizer tudo, mesmo que nem sempre seja fácil.

Dizer o que pensa tem o seu custo. Nem sempre é bem visto. Passei a ser chamado de ranzinza no trabalho. Mulheres que eu saí passaram a achar que eu era sincero demais. Não precisava dizer tudo que pensava, nem dizer que so namorava se me apaixonasse - o que não era a maior parte dos casos. Fazer hora extra? Só se for muito necessário...

Passei a pecar pelo excesso. Diante de situações contrárias, via a necessidade de me impor. Posições políticas diferentes, posições de vida diferentes. Reações muito mais fortes do que o necessário. Minha paciência, quenunca foi minha maior qualidade, passou a ser tão exacerbada que virou um defeito. E grave.

O controle passou a ser um problema. Quando dizer tudo, quando não dizer nada? O principal talvez fosse o COMO dizer. Um problema um tanto crônico para quem fala por impulso, quase atropelando quem fala.

Saber dosar as palavras é um dom. Na escrita, na fala e na vida. Um aprendizado diário, em todas as áreas da vida. E que não acaba nunca...

domingo, 10 de agosto de 2008

Sou USP desde pequenininho...

Por mais que pareça frase feita, não é. Depois de tanto brigar para entrar no curso de jornalismo da USP, eis que minha mãe solta uma nova história: "você quase nasceu no Hospital Universitário de lá". Segundo ela, só não nasci lá porque o médico não deixou. Foi por pouco.

Depois, fiquei afastado muitos anos. Minha proximidade era apenas pelas pessoas da minha escola que passaram na USP - um número significante, considerando que era uma escola estadual. Tirando isso, apenas o fato de que minha tia estudou lá, depois de muito esforço e anos de cursinho - e a história dela, segundo a minha vó, foi muito parecida com a que eu vivi depois.

A promiximidade com a USP recomeçou só quando estava na faculdade, mas curiosamente, não na USP. Fazia PUC quando fui contratado como estagiário em uma fundação da USP, criada pela Escola Politécnica. Não cheguei a trabalhar na sede, dentro da Cidade Universitária, mas a ligação estava feita.

Depois, fui trabalhar em uma consultoria criada por um ex-estudante da FEA e da Poli. Os contratados também vinham de lá. Meu contato com pessoas da USP ficou ainda mais forte. Passei a conviver diariamente. E já naquela época, me preparava para tentar passar no vestibular de jornalismo.

Já era formado, mas faltava alguma coisa... Faltava jornalismo. Faltava a USP. Apesar de ter demorado um ano a mais do que o esperado, veio a aprovação na FUVEST. A relação com a USP estava consolidada. Como aluno, dessa vez.

Mas a história não acaba por aí. Ao contrário: está no começo. A relação se estreitou mais ainda, com um trabalho em uma instituição da própria USP, dentro da cidade universitária. Na prática, significa que eu passo a maior parte do meu dia vivendo lá. E pode ter certeza: vem muito mais por aí...

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Quando ser hetero é ser minoria

Até pouco tempo atrás, não conhecia nenhum vegetariano. Não tinha assim tanta gente que se preocupava com os bichinhos a ponto de não comê-los. Também há pouco tempo atrás, eu não tinha nenhum amigo ou amiga gay. Em um passado não muito distante, eu mal conhecia pessoas que eram fãs incondicionais de Linux.

Bom, os tempos mudaram.

Os gays hoje fazem o maior evento de São Paulo ao ar livre - dizem as más línguas que são quase 2 milhões de pessoas na Av. paulista todo ano. Em termos de grandiosidade, só não é o maior evento anual da cidade porque temos a Fórmula 1, que movimenta mais grana ainda.

Antes, pouco se via gays se beijando em público. Hoje, é até comum. E uma conquista, em uma sociedade que demorou a se abrir. Eu acho ótimo que cada um possa ser o que é sem esconder, sem moralismos estúpidos. Cada um faz o que quer e ninguém tem nada com isso.

Falava, brincando, que quanto mais gays no mundo, melhor: sobraria mais mulheres. Obviamente, é uma afirmação só engraçada - talvez nem isso. Muita mulher também é gay. Ou seja: o mercado diminui para os homens e mulheres heteros igualmente.

Não tenho absolutamente nada contra gays. Hoje tenho muitos conhecidos gays, pessoas que eu tenciono até chamar de amigos. Mas algumas coisas estão ficando chatas. Se você não é gay, sorry, baby, você não é in. Já até perdi mulheres que se apaixonaram por gays. E conheço algumas que adoram sair com eles, mesmo sabendo que, bom, tecnicamente eles gostem do mesmo que elas...

A Lara já falou em criar a Parada do Orgulho Hetero. E como ela mesma diz, nada contra os gays, muito pelo contrário: temos conhecidos e amigos que são gays. Podemos não estar na moda, mas nós, heteros, também podemos ser muito divertidos, amigos e até fashion (ok, esse é mais o caso da Lara do que meu, mas enfim...). Os gays tem seu espaço - inclusive nos nossos círculos de amizades -, e nós também!

Quem sabe um dia fazemos o movimento do orgulho hetero... Mas como vai ficar com cara de homofóbico - o que não somos -, deixa pra lá....

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Um aquariano, enfim

Não costumo ser muito ligado a esse negócio de signos do zodíaco. Sou mais ligado a signos da lingüística, como eu já disse por aqui. Esses perfis astrológicos sempre me parecem tão genéricos ou tão distantes do que eu sou que normalmente eu ignoro.

Eis que falando com uma aquariana como eu, ela me passou um perfil que achei interessante e que - pasmem! - tem a ver comigo. Vejam só:

astral: Perfil do Signo de Aquário
Os homens: Interessam-se por tudo, especialmente por coisas que aparentemente não têm a menor importância, como por exemplo catálogos. Não comprarão nada, mas saberão tudo o que tem, onde e porque. São hábeis em fugir da rotina, criando circunstâncias muito loucas. Normalmente são de aspecto simples e natural, mas os há excêntricos também, daqueles meio sujos e mal barbeados. Preservam a liberdade ante todas as outras coisas, pois não hesitam em abandonar o que estejam fazendo, mesmo que seja muito importante, se por ventura inventam outra coisa. Extremamente sensíveis aos encantos femininos, não raramente mantêm vários relacionamentos ao mesmo tempo.

sábado, 26 de julho de 2008

A ousadia impede o golpe

O dia vai chegando ao fim, mas ainda há um impedimento. Não há saída antes que o problema se rolva, de alguma forma. Mas há um limite, que impede que o tempo devore tudo completamente - nem em São Paulo tudo funciona 24 horas.

A saída, então, se aproxima. A perspectiva não melhora. O tempo assume seu caráter de Cronos, devorando cada minuto e extinguindo qualquer possibilidade de resolver a situação. Vence o tempo: é hora de partir. Os problemas não tiveram solução até essa hora. Lembrando a máxima famosa, o que não tem solução, solucionado está. É hora de sair de um mundo alugado e voltar ao mundo que cada um tem, o seu, insubstituível - mas, às vezes, destruído pelo aluguel dos outros mundos

Eis que o tempo é novamente decisivo nessa batalha de mundos. Um tenta invadir o outro. A palavra é essa: invadir. Um não é inimigo do outro. É apenas uma questão de visita, de ser cortês, de saber se relacionar um com o outro. O meu mundo não é fechado, aceita conversar. Mas, cada vez menos, não aceita invasões.

Pior: uma invasão tramada no calabouço, à noite, para já amanhecer no adversário. Uma tomada voraz, mas que tentou ser sutil. Um golpe de Estado que parece ter dado resultadoestava invadido e outro prevaleceria. Tudo armado à noite para que na manhã seguinte o nov poder assumisse temporariamente, antes de devolver as coisas à sua ordem.

A interferência, porém, parece inútil. Não havia plano de governo. Era apenas um movimento ideológico, cheio de pessoas preenchidas de paixão. Pessoas que não diferenciam seus dois mundos, que fazem do seu mundo pessoal o mundo do dia-a-dia. Uma visão que eu não compartilho. Um mundo que não é meu.

Tomado por um sentimento nacionalista de território invadido, sentindo o gosto de um mundo que não quer se convergir com outro, com sensação de mãos atadas, o sentimento de reação fica mais e mais intenso. A noite se vai, dá lugar à madrugada, enquanto o relógio martela, minuto a minuto, a derrocada do meu mundo frente ao outro. Ainda que temporária, ainda que não deixe seqüelas, o perigo está na transformação dessa interferência em algo sempre possível.

A manhã já impõe suas cores, quando um movimento toma conta da sede do governo do meu mundo. É um sentimento de retomada do que é seu de direito, de mostrar que não se aceita interferências assim. Que mesmo não sendo o mundo mais diplomático, aceita conversar, mas não aceita tomadas militares, não aceita ações de guerra como essa. Não aceita a transformação de dois mundos diferentes em um só, especialmente por serem tão diferentes. Essa fusão só será possível, um dia, quando os dois mundos conversarem, tiverem objetivos similares - o que, certamente, não é o caso desse.

Em um movimento rápido e com ajuda da tecnologia eletrônica e móvel, uma ação rápida impediuo golpe. Uma retomada como fez o Rei Juan Carlos, na Espanha, na década de 80. Uma retomada do que é seu por direito, do que é de um mundo por direito. A ação foi violenta e teve uma dose de insubordinação. Mas todo movimento é assim, ainda mais quando envolve questão tão séria, não é?

A ação política foi forte, intensa, uma retomada que impediu a ação pirata em uma operação de guerra. Impediu essa tomada, reverteu a situação e expulsou o outro mundo do comando a pontapés. A espada não foi usada, não houve derramamento de sangue. A ordem foi retomada. Mas não se sabe qual será a reação, não se sabe se o mundo expulso tomará atitudes em represália. O que se sabe é: o meu mundo saiu com a força que tem. Haja reação ou não, ele prevalecerá, continuará existindo, independente do que acontecer.

sábado, 19 de julho de 2008

O valor do tempo

E aí que passei quase um mês sem chegar perto daqui. Entre as loucuras de fim de semestre com o minha maior conquista do ano, a faculdade, o trabalho novo que ainda não me adaptei, freelance em fase de acertos finais, cabeça cheia, paciência próximo a zero (tá, isso não é novidade) e, pra completar, problemas com a internet por conta dos problemas da Telefonica - que, no meu caso, se estenderam mais do que a maioria dos casos. Como desgraça pouca é bobagem, ainda machuquei o joelho e não consegui me recuperar.

Nesse tempo, eu pude constatar, mais uma vez, o quanto o tempo é valioso. Um fim de semana pode ser o tempo mais valioso que alguém pode ter para terminar um trabalho., Algumas horas entre dormir e acordar podem valer uma forturna para quem precisa. Não ter tempo para sequer conversar com amigos - se não fosse o msn ou o orkut... -, atualizar o blog, ver a família.

O cursinho já tinha me mostrado que o maior valor que alguém pode ter é o tempo. Nesse final de semestre, mais uma vez, pude constar isso de maneira claríssima. Talvez porque eu tenha tomado um choque - saí da vida de freelancer, onde o tempo era o meu aliado, para coltar à vida de trabalhador fixo, com o tempo sempre no percalço.

Aliás, esse tem sido um grande problema: administrar tempo. Sempre preciso de um tempo para me adaptar ao estilo de um trabalho novo, mas é difícil se adaptar quando tudo muda a cada dia. Há semanas que as coisas conseguem fluir naturalmente, mas há outras que parecem uma completa falta de direção.

Se o tempo é um bem tão valioso, ter um problema em administrá-lo passa a ser grave. A tomada do meu tempo, confiscada como umgolpe de pirata, me incomoda muito. Provoca reação agressiva, violenta, mal-educada, até. Espero que esse final de férias não seja um regime semi-aberto.

sábado, 21 de junho de 2008

Afirmações negativas no silêncio

Tudo parece tão perto e tão longe.

O dia-a-dia não incomoda, mas cansa.
O tempo não é mal gasto, mas é escasso.
Os planos existem, mas são só rascunhos.
Há jeito, mas não há força.

O sonho é doce, mas falta sabor.
Algumas vezes há caminhos, mas não há direção.
Em outras, há destino, mas não há percurso.

Há signo, mas não há significado.
Há muita razão, mas há pouco sentimento.
Há coração, mas ele é de lata...

segunda-feira, 9 de junho de 2008

De volta à vida de proletário

Cof, cof, cof. Isso não é uma simulação.E nem é por causa do pó que está aqui.

Mais de uma semana sem uma palavra aqui. Claro que isto tem algum motivo. O principal é: acabou a vida de freelancer. E acabou seis meses depois de começar, sendo que os resultados até que foram razoáveis. Acabou porque não estava pagando as contas mais e, paralelamente, surgiu a chance de um trabalho fixo de novo. Com ares de ser bom. Olhei para as contas não pagas, para o meu celular cortado para fazer ligações e ... Não deu para negar.

Isso foi há pouco mais de uma semana. Com isso, perdi um dos meus bens mais preciosos, se não o mais: o tempo. Tem dias que tenho ficado em casa menos de oito horas. Muito menos: de cinco a seis.

Junte a isso também o fato de que uma gripe inocente se transformou em uma tosse que não me deixa mais dormir. Eu não pegava gripe há muito tempo, estimo que há uns dois anos. Nem sabia mais o que era isso.

Nos últimos meses, trabalhando em casa, eu ganhei uma qualidade de vida que não tinha antes. Comer em intervalos de três em três horas, dormir oito horas por dia, sem estresse. Assim, não há gripe que batesse à minha porta.

Bastaram alguns poucos dias dormindo miseravelmente pouco, ficando horas em transporte público e ficar sem almoçar e jantar, deixando de comer por muitas horas e pronto. Proteção zero para uma gripizinha de merda me atacar, se fortalecer e ganhar ares de desgraça.

Faz dois dias que não consigo dormir direito, porque fico tossindo a noite toda. Estou me entupindo de comprimidos para gripe e dor de cabeça e, desde sábado, xarope. Sem contar um chá de orégano, receita da minha vó que costuma funcionar bem. Mas até agora, o arsenal não tem dado conta.

Junte a isso também o fato de eu ter passado o sábado e o domingo inteiro ralando para dar conta dos freelances que eu peguei antes de começar a trabalhar full-time. Considerando que eu ainda estudo à noite, me sobra só o fim de semana mesmo. E não deu para terminar tudo. E o prazo final se aproxima.

Bom, é melhor que o trabalho seja mesmo bom. Em uma semana, não dá para avaliar muito. Só que estou sentindo falta de trabalhar sozinho, em casa, assistindo todos os programas de esporte dos canais pagos do assunto, me alimentando bem e dormindo o suficiente.

Um dia eu ainda volto. Quando as contas não estiverem me sufocando tão fortemente.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Sabor da vida

Sou viciado em café. Agora, trabalhando em casa, meu vício é sustentado de forma ainda mais intensa. E um dos elementos fundamentais do café é o açúcar. Esse tem sido o único gosto doce que tenho sentido ultimamente. No mais, são só contas a pagar vencidas, pouca grana para se divertir, alguns trabalhos da faculdade, uns poucos freelances em fim de projeto...

Tenho ouvido com uma freqüência quase incômoda que sou chato, cri-cri, exigente, etc. Contribui o fato de eu ser muito pouco tolerante com tudo (ou quase).

Até meus melhores amigos disseram que eu tenho sido muito amargo. É fato. Sou muito chato mesmo. Daqueles que recebe e-mails com mensagens por e-mail com textos de pessoas famosos e desmascaro. Do tipo que corrige quando as pessoas falam bobeiras. Cansei de desmascarar aquelas correntes cheias de bobagens, com notícias assustadoras.

Talvez seja a parte de mim que sempre foi jornalista, mesmo sem saber. Um aspecto que os jornalistas devem ter é justamente duvidar sempre, de tudo e de todos. As conversas entre jornalistas sempre tem coisas tipo: "qual é a sua fonte?".

Ouço também que sou exigente demais com as pessoas, com os relacionamentos amorosos. Relacionamentos amorosos? Eu sequer tenho isso há algum tempo. No máximo, uns casos furtuitos. Alguns importantes e interessantes, outros não. Alguns eu provavelmente não lembrarei no futuro.

Isso talvez porque eu não seja tão exigente quanto eu costumava ser. Me permito aproximar de pessoas com as quais não tenho tanta afinidade. Mas simplesmente porque fico em uma seca danada gosto de conhecer pessoas novas.

Só que satisfeita minha curiosidade, não fica mais muito para sustentar. Não por culpa das pessoas, mas simplesmente porque não encaixa. E não demora para que eu perca a paciência. Aí entra a parte exigente demais.

Profissionalmente, minha paciência é cada vez menor. Não tenho muito saco para alguns ambientes corporativos. Não me satisfaço falando só sim senhor e fazendo coisas que eu não quero colocar no currículo. E foi uma das razões - não a principal, mas uma delas - que me fez trabalhar por conta. Aqui, ao menos eu escolho o modo como fazer.

Sou amargo mesmo. Mas tudo bem, adoro chocolate amargo...

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Aviso aos navegantes

Mudei o meu sistema de comentários - o nativo do blogger deixa muito a desejar, como não permitir responder comentários - e por isso os comentários de vocês aparecem mais. Peço desculpas e sintam-se à vontade para comentar de novo.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Go off the record

Vida real chama. O feriado é de JUCA (Jogos Universitário de Comunicação e Arte), mas a vida pede passagem e chama de volta. As contas não fecham e não permitem gastos extras. E sexta não é feriado, logo, vamos trabalhar no freelance que temos. Além disso, é dia de analisar possibilidades e ver oportunidades. Logo, de volta à vida real.

Lembrando desses choques da vida real, vi outro dia a opção "go off the record" no Gtalk e fiquei imaginando como seria bom se pudéssemos usar isso no trabalho também. Afinal, quantas vezes temos trabalhos que não nos orgulhamos nem um pouco e certamente colocaríamos no "go off the record" para esconder a autoria.

Aliás, foi um dos motivos que me levaram a querer sair do meu antigo trabalho. Muitos trabalhos que não só não me motivavam, mas também que me davam uma certa vergonha de ter feito. Que tinham muitas coisas que eu sequer concordava, mas como empregado, tinha que fazer. É claro que todo trabalho - especialmente quando é um emprego - tem isso. O problema é quando é SEMPRE assim. Aí é preciso de um pouco de amor próprio e sair disso - quando possível e as contas permitem, é claro.

Pagar as contas, por sinal, é um dos motivos que mais nos fazem aguentar um monte de coisas. É preciso pagar as contas, o trabalho não é o que você queria, nem o que você considera o melhor, mas você é pago para fazer. Se está dentro do limite do legal (juridicamente falando), eu faço. As contas precisam ser pagas e não esperam se eu disser que o trabalho não era muito bom.

Esses dias estava revendo meu currículo. Li, pouco a pouco, cada um dos itens que coloquei lá. Revisei os textos, lembrando de cada uma das passagens que já tive. Fiquei pensando nas decisões, nas atitudes e em tudo que fiz na minha curta carreira.

É bom refletirmos sobre isso. É legal também ver que a nova carreira que eu escolhi já começa a aparecer no currículo - um pouco tímida, mas bem importante. Certamente terá novos capítulos em breve.

Olhando o currículo, também lembrei dos vários trabalhos "off the record" que jamais colocaria no currículo. Tem coisas que são ruins por si mesmas, não precisam ser lembradas, contadas ou explicadas. Sabe aqueles trabalhos que ficam tão feios, ou tão ruins, ou tão toscos, mas você é obrigado a entregá-lo daquele jeito - ou porque o cliente pediu daquele jeito horrível, ou porque o seu prazo era criminosamente curto, ou porque o seu chefe acha que é legal.

Já que não tem a função "go off the record", eu sequer chego a colocar no currículo. E seguimos em busca de satisfação total no trabalho.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Bem me quer, mal me quer

Vez por outra, me vejo na mesma situação: escolho quais as contas vou pagar e quais não. Um exercício de inteligência e economia - muitas vezes mal sucedido justamente por exigir tais qualidades.

Muito embora eu já não me desespere com isso há tempos, eu tenho aquela pontada de preocupação. Principalmente porque antes eu ganhava pouco, mas ganhava. Agora, com a instabilidade do trabalho freelance, sabe-se lá quanto e quando eu vou ganhar.

Em dezembro, por exemplo, foi fácil fazer o orçamento: pagar todas as contas e guardar para pagar as do mês seguinte. Porque, afinal, vida de freelancer é isso: se ganhamos bem em um mês, guarde, porque os próximos podem não ser tão bons.

O problema é que toda reserva tem seu limite. E aí, salve-se quem puder. E as escolhas vão ficando mais e mais difíceis. Nunca deixo o cartão de crédito sem pagar, porque é a mais perigosa dívida que pode existir. Mas esse mês decidi não pagar. Já sinto um possível problema, mas enfim, a escolha já foi feita e a dor só começará daqui a uns dias.

É duro essa vida de gente grande.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Oito Coisas Pra Se Fazer Antes de Morrer

Fui convocado pela Kris para listar as oito coisas que eu quero fazer antes de morrer. Tive que pensar um pouco e confesso que até tive dificuldade de encontrar as oito. É importante ressaltar que não estão em ordem de importância. Os números são apenas para enumerar as oito coisas, que são:
  1. Me tornar jornalista esportivo
  2. Aprender italiano, francês e alemão
  3. Ir a uma Copa do Mundo e cobri-la como jornalista
  4. Conhecer a Itália, a Inglaterra, Espanha, França, NY e Buenos Aires
  5. Assistir um jogo da Internazionale de Milão em em San Siro e assistir uma final da UEFA Champions League pessoalmente
  6. Escrever ao menos um livro
  7. Assistir a um show do Garbage
  8. Fazer amor ao ar livre
A Kris convidou várias pessoas para continuar a brincadeira. Como eu só tenho três leitores, vou convidar só três:
- Bernas
- Bjomeliga
- Momento descontrol

;)

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Lágrimas que embriagam

Em um dia de descanso, que posso acordar sem pensar em nada, sinto amargura. Uma amargura por não participar de algo que meus amigos demonstram se empolgar. Sinto amargura mais por não querer participar, já que eu poderia ir. E sinto o peso de amigos deixando transparecer um sentimento em relação a mim que me entristece, como se eu não ligasse para ninguém.

Sinto-me estúpido, por não conhecer ou não apreciar as muitas atrações que tínhamos à disposição. Sinto não ter a mesma alegria de poder dividir a admiração por algo que simplesmente não me seduz sequer a sair de casa.

O gosto de amargura está na saliva, que parece aumentar seu volume gradativamente, me dando a sensação de me afogar em mim mesmo. Insatisfeito com a própria ausência, ausência que eu não sei por quê.

As lágrimas se misturam com as águas do chuveiro. Já não sei mais onde começa um e termina outro, mas sei que as duas águas estão ali.

Estou embriagado com um livro triste e enebriante, isolado quase que por opção. Bebendo, e se embriagando, com as lágrimas estancadas na boca.

sábado, 26 de abril de 2008

Viagem aos pensamentos de um sábado

Uma coisa que tenho gostado de fazer ultimamente é dar espaço para minha tia-vó me dar seus conselhos, trazer a sua religiosidade, seus estudos sobre a bíblia e tudo mais, mesmo eu não tendo mais nada a ver com religião - ao contrário, a afastei da minha vida ainda na adolescência, quando senti algo parecido com o que Marx retrata na frase: "a religião é o ópio da humanidade".

São muitas razões para dar essa abertura a ela. Além de ter muito apreço e amor por alguém que ajudou a me criar, acho interessante pensar em novos pontos de vista - mesmo que discorde totalmente. Foi em uma dessas conversas que eu percebi: não tenho nenhum pedido, um desejo, um sonho imediato.

Não que eu não tenha sonhos. Ao contrário, os tenho aos montes. Mas sinto como se o objetivo mais latente foi alcançado esse ano, talvez com o maior esforço da minha vida. Eu tenho sonhos. Mas tenho tranquilidade. Depois dos dois últimos anos, aprendi a ter tranqüilidade e paciência para esperar pelo melhor. Nem tudo se resolve em seis meses.

Já fiz a associação da vida profissional e pessoal, onde em ambas sinto que a necessidade do novo me entorpece. Nem relacionamentos duradouros, nem empregos que duram muito tempo. Não é coincidência. É a ânsia de mudanças constantes, de sentir a liberdade que a falta de vínculo traz. Talvez porque em nenhum dos dois campos eu tenha vivido algo estável, duradouro e desejável por muito tempo.

Encontro amigos, conhecidos e as conversas sobre a vida divagam por muitas áreas diferentes. Lembro do final do meu primeiro curso universitário, quando um amigo da minha sala disse que eu era o mais bem colocado, profissionalmente, entre as pessoas do grupo de amigos.

Passados alguns anos, certamente esse "posto" não é meu. E o mais engraçado é que me orgulho disso! Me orgulho de ter me reinventado, buscado começar tudo de novo só porque eu quero senti o prazer de fazer o que gosto. Trabalhar não apenas pela necessidade sempre latente de ganhar dinheiro, mas para satisfazer os desejos pessoais, sorrir, fazer amigos, me realizar.

E o que seria a vida se não pudéssemos nos reinventar, reconstruir, reagir... Ou melhor: agir! Não tenho medo de perder o emprego, mudar a minha vida, ter que estudar muito mais, provavelmente para sempre. Se há um fogo de desejo da alma dentro de mim que eu mantenho acesso, então é o que importa.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Transferência interna na USP existe sim

Ao contrário do que eu publiquei aqui em julho do ano passado, existe, sim, transferência interna na USP. Os alunos podem requisitar transferência para qualquer outro curso da universidade. A seleção é feita através de provas específicas.

Posso dizer porque vi, com meus próprios olhos, a prova acontecer. Que é difícil eu não precisaria nem falar não é? Mas certamente a concorrência é menor do que o vestibular da Fuvest. Portanto, a chance é relativamente maior.

Portanto, preciso desmentir o que eu disse: a transferência interna não é mito. Perdoem o engano.

terça-feira, 8 de abril de 2008

De volta à vida de atleta

Pouco mais de um mês atrás, falei aqui no blog sobre uma possível volta à minha vida de atleta. Bom, depois de alguns problemas, idas e vindas, eis que eu consegui voltar. No último sábado joguei o Bichusp (campeonato interno da universidade entre os calouros das faculdades).

Bom, como eu já tinha falado, a minha grande inspiração no futebol, principalmente porque o vi jogando no Brasil, no estádio, foi Fernando Redondo. O argentino desfilava uma classe que não vi em nenhum outro volante (infelizmente, não vi gente como Falcão jogar). Provavelmente é por causa dos poucos jogos que o vi com a camisa argentina que sempre gostei de jogar com o número cinco às costas - o mesmo que ele usava quando defendia o seu país.

Mas depois de quase sete anos sem jogar futebol de campo e praticamente quatro anos sem praticar exercícios físicos, a única coisa que eu lembrava o Redondo em campo foi mesmo a forma que o nome sugere. Em termos de futebol, eu estava mais para Carlos Alberto (esse, que está no São Paulo): joguei como meia, marquei muito pouco, corri pouco (por falta de preparo físico, diga-se), fiz alguns bons passes, mas nada muito agudo e apareci pouco no jogo.

Para finalizar, o jogo foi em um sábado de manhã e ainda perdemos por 4 a 1. Mas sabe que ainda assim foi divertido? Jogar futebol é sempre um prazer. Ainda mais sabendo que o nosso time não estava treinado (nos conhecemos antes do jogo) e sem preparo físico algum - fiquei torcendo para o jogo acabar porque minhas pernas não respondiam mais.

Bom, ao menos a vida de atleta tem tudo para voltar agora. Vamos ver como será no futsal amanhã.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Sobre a (falta de) paixão

Uma das idéias que eu mais acredito é que a paixão é fundamental. Foi ela que me fez acreditar, lutar e conseguir cursar jornalismo na ECA-USP. É ela que me faz descobrir coisas novas do jornalismo sempre e gostar ainda mais. É a falta dela que faz meus relacionamentos serem efêmeros.

Tive um só relacionamento estável na vida. Durou quase um ano, mesmo com problemas que, às vezes, pareciam enormes. Eu e ela enfrentamos sem grandes esforços, porque eles nos pareceram pequenos perto da força que tínhamos juntos. Apenas porque havia intensa e verdadeira paixão. No mais, todos os relacionamentos que tive foram como pedras de gelo entre corpos cheio de desejo: intensos, quentes e voláteis.

Pensava nos relacionamentos, mas lembrei do trabalho. Tive alguns trabalhos, mas apenas um foi estável. Passei dois anos e meio trabalhando na mesma empresa. Primeiro como estagiário, depois como prestador de serviço. Trabalho estável, boa renda. Mas a hora que a paixão tinha acabado e surgiu uma oportunidade, mudei. Mudei, mudei, mudei, sempre em busca da paixão pelo que se faz. Até hoje é assim. Mesmo trabalhando com muito mais prazer, por ser em jornalismo. A busca da satisfação total é algo Freudiano. Inalcançável e interminável.

Meus relacionamentos sempre duraram pouco. Se é que se pode chamá-los assim, porque na maioria das vezes, dura não mais do que um dia (ou noite). Nunca fiz questão ou exigi estabilidade, mas a falta de paixão simplesmente me enjoava. Me alimentava de desejo, que passava pouco tempo depois. Rápido e intenso - e, talvez por isso, um pouco traumático para algumas mulheres que passaram na minha vida.

Os mesmos sintomas na vida pessoal e amorosa me levaram exatamente à mesma causa: falta de paixão. Na vida profissional, não falta paixão pela profissão, mas às vezes falta pelo trabalho em si - efêmero, efêmero... Na vida amorosa, não falta vontade de estabilidade, mas falta se apaixonar, ficar balançado, acordar ao lado de alguém e achá-la linda ao amanhecer - mesmo que ela não esteja.

Talvez a ausência da paixão seja fruta da minha impaciência. "A minha impaciência chega a ser tão grande que às vezes dói", disse Clarice Lispector em A Legião Estrangeira. Começo a acreditar que os mesmos resultados nas duas vidas não são mera coincidência.

quarta-feira, 26 de março de 2008

O que a Apple pensa do Windows Vista

Bom, tenho alguns amigos que aderiram aos encantos do Mac, como o Bernas e o Rapha. Eles falam maravilhas das máquinas com o logo da maçã.

Há pouco mais de um ano atrás, em fevereiro de 2007, esse vídeo abaixo foi publicado no Youtube. São algumas considerações do Mac OX Tiger com o Windows Vista, feitas por Bertrand Serlet, vice-presidente da Apple. A dica veio do Google Discovery:

Brasil e Orkut: tudo a ver

O Orkut não faz assim tanto sucesso lá fora como outras redes sociais, como o Facebook e o Beebo - tanto que o primeiro teve ações compradas pela Microsoft e a segunda foi comprada por mais de 800 milhões de dólares pela AOL. Mas no Brasil, o Orkut é absoluto.

Um dado divulgado no blog do Orkut diz que são mais de 45 milhões de comunidades. Destas, pouco mais de 40 milhões (precisamente, 40.460.878) estão em português. Antes que algum espírito de porco venha dizer que o português pode ser de Portugal, a comunidade tem apenas 0,41% de seus usuários em Portugal, segundo dados do próprio Orkut.

Predomínio completo e absoluto do Brasil. Agora só falta alguém descobrir um jeito de ganhar dinheiro com isso - é o que o Google e todas as outras redes sociais procuram.

domingo, 23 de março de 2008

Web 2.0, Jornalismo 0.5

Dizer que a grande mídia levou uma surra da internet, especialmente no seu início, é bater em bêbado. Fácil, fácil. Do início "promissor", onde a tela era uma extensão do papel à derrocada quase fatal quando a web se descobriu como meio interativo e muito diferente da mídia impressa. Até aí, nenhuma novidade.

Fato é que já temos 13 anos de internet comercial no Brasil e parece que a distância entre grande mídia e internet diminuiu, mas não o suficiente. Na maioria das redações da grande mídia, a redação do online é reduzidíssima, enquanto a do impresso é cheia. Mais do que isso: o online é reprodutor de conteúdos, não produtor.

Há lugares que não é assim. As redações são diferentes, separadas. Mas parece que a do online trabalha para o impresso. Ao menos é o que mostram os portais dos jornalões por aí - que, não por acaso, estão nos grandes portais.

Não custaria tanto mais fazer um trabalho específico para a internet. Trabalhar com mais recursos gráficos, mais interação, dar mais espaço ao leitor. Isso é possível. Em 2005, fiz o meu TCC de Multimeios e coloquei na pauta o jornalismo online em três grande veículos de impresa, de três segmentos diferentes, unidos apenas pelo fio temático, o esporte: Placar, como revista
, Estadão, como jornal diário, e Lance!, como jornal diário específico de esportes.

A minha investigação tinha o pressuposto que os veículos usavam o material do impresso para a versão online. Não sabia exatamente como. A investigação me provou que era algo assim mesmo: as redações dos veículos online eram super reduzidas e reprodutoras. O material que saía no impresso, saía no online, com um "tapinha" - dimunuição de tamanho ou algumas poucas modificações no texto mesmo.

O material republicado na web perdia qualidade, principalmente por causa da formatação: no impresso a diagramação criava um visual atraente enquanto na web o visual era pasteurizado, com fundo branco e texto puro (às vezes com uma foto ou outra). Ou seja: o jornal era melhor.

As coisas melhoraram um pouco de lá para cá, mas talvez não tenha mudado a minha conclusão de então: o melhor dos três veículos era o Lance!, por dar espaço para o leitor, usar uma diagramação mais ousada, cores em todas as páginas. É claro, falamos da versão impressa.

A versão online era tão boa que minha conclusão foi que o jornal impresso era mais interativo do que a versão online. Isso porque na impressa o leitor tinha espaço para críticas, sugestões, frases, espaço para escalar o seu time, com gráficos bem feitos e até para mandar matérias interessantes - o jornal paga por elas quando usa.

As tabelas, os gráficos, o visual, a opinião do leitor que gera matérias interessantes, tudo me levava a crer que a versão online era só uma extensão do impresso, e feita só para marcar território - coisa do início da internet, quando as empresas não sabiam para que servia, mas sabia que precisavam ter.

As coisas melhoram um pouco com o tempo. Melhoraram. Os jornais ficaram melhores e os sites também. O portal do Estadão ficou muito melhor, mais próximo do que é a web hoje. O do Lance! melhorou bastante também.

O da Placar, que era o pior dos três, fez uma evolução bastante visível. Podcast, blog, novo design... E o mais importante: usa a sua excelente qualidade editorial para essa nova forma de fazer jornalismo. Os podcasts com Sergio Xavier, Arnaldo Ribeiro e André Rizek são simplesmente imperdíveis.

Espero que seja un sinal que o jornalismo tá saindo do 0.5 e tentando chegar à web 2.0 - que parece já estar quase no 2.5.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Quadrinhos online

Excelente indicação para quem gosta do estilo quadrinhos. o autor Warren Ellis assina os quadrinhos online Freakangels, com arte de e Paul Duffield.

Ellis é britânico e já trabalhou para as duas "grandes" dos quadrinhos: Marvel e DC. Freakangels é atualizado semanalmente - o que, segundo o Daniel, autor dessa dica, é muito tempo para quem é ansioso.

A publicação de quadrinhos na internet é uma forma de ter uma produção independente e de alto alcance. Já foi assim com a música, que descobriu na internet um meio de divulgação nunca antes visto.

Bandas como o Cansei de Ser Sexy, que fez sucesso aqui no cenário alternativo e caiu nas graças dos gringos lá fora. Tanto que o grupo faz uma turnê internacional muito intensa - no momento, faz shows na Autrália e Nova Zelândia. A banda faz sucesso ns Estados Unidos, tanto que apareceu no comercial do iPod - o que, para alguns, resultou no sucesso do vídeo "Music is My Hot Hot Sex", o mais visto no Youtube em todos os tempos.

É bem provável que não só a música e os quadrinhos descubram o potencial da internet. Outras artes também já parecem começar a aproveitar a nova mídia, como é o caso da revista IdeiaFixa, que eu já divulguei no Remixando. Vamos esperar para ver!

terça-feira, 11 de março de 2008

Tráfego pesado agora é problema também na internet


Ganha força nos EUA o movimento dos ISPs (Internet Service Provider, provedor de serviços de internet, em tradução livre) para controlar o tráfego de seus usuários na rede.
Segundo os provedores, programas compartilhadores de arquivo, por exemplo, consomem uma banda excessiva, o que prejudicaria o tráfego de dados de outros usuários. Com poder de controle, os ISPs poderiam criar mecanismos que diminuam o consumo de banda dessas softwares.
A iniciativa não é novidade. No Brasil, o Speedy impôs um limite de consumo para os seus clientes, ameaçando com multa aqueles que ultrapassassem o limite. A medida era para conter os "5% de usuários que consomem 50% da banda", alegava a empresa.
A iniciativa, porém, não vingou. Muitos dos serviços da operadora são vendidos hoje sem limite de tráfego.
Será que a limitação de tráfego é uma solução para esse problema? Talvez os provedores de acesso não tenham infra-estrutura para aguentar o alargamento de banda na internet. Mas talvez seja também um pequeno grupo de usuários causando um tráfego muito intenso, frente a uma maioria que não gasta tanto.
É preciso um estudo para avaliar o que é melhor. mas uma coisa é fato: intervir na banda do usuário sem ele saber, como há rumores que aconteça nos EUA, é absolutamente inaceitável.
É preciso discutir esse tipo de questão de forma ampla, analisar as tendências e traçar os rumos coletivamente.
Controlar o tipo de acesso do usuário à internet e simplesmente dificultar o acesso à softwares específicos é um risco que a internet não pode correr.
A abertura dos dados, de forma oficial, pode levar a um controle excessivo e centralizado - o que irá minar o caráter livre que a internet possui.

Formação para informação

A minha vida como jornalista, oficialmente falando, começou na semana passada. Virei freelancer de um grande jornal de São Paulo na mesma semana que comecei a faculdade de jornalismo. As duas coisas não são ligadas apenas pela essência, o jornalismo. A relação é muito mais direta.

Estudei em uma grande universidade, a PUC-SP, em um curso pouco conhecido, Comunicação e Multimeios. O curso tem um aspecto inovador, mas ainda não tem identidade. A briga entre os departamentos que fornecem professores ao curso ainda parece distorcer, a cada nova administração da coordenação, o conceito do curso. O curso é bom, dá uma visão ótima sobre mídia, sobre como pensar comunicação. Mas saí sentindo que faltava algo mais. Muito mais.

É fato também que eu já era apaixonado por jornalismo desde pelo menos o segundo ano do curso, o que pode ter agravado essa sensação. Mas mesmo aos que saíram do curso satisfeito, essa impressão é comum. Ainda falta alguma coisa...

O curso da PUC-SP, teoricamente, me daria formação suficiente para trabalhar em um jornal, como jornalista.

Teoricamente.

Porque já me inscrevi outras vezes para trabalhar na grande mídia, mas sequer fui chamado para fazer provas. Bastou colocar "Jornalismo, USP" e parece que as coisas mudaram. Fui chamado para a semana de treinamento, com palestras sobre a profissão e o dia-a-dia de um jornal. E me inscrevi em uma vaga para freelancer do caderno de informática. Juntanto a minha experiência na área com a chancela de jornalismo da USP, vòila!

Por mais que muitos achem que o diploma é bobagem, que "qualquer pessoa com boa formação pode ser jornalista", o mercado diz que não. E muitas vezes ouvi a porta bater na minha cara porque eu não era jornalista. Mal comecei a faculdade e as coisas mudaram muito. Passei a fazer parte. Não julgo se isso é certo ou errado, porque seria uma avaliação estúpida. Até porque eu entendo e até conordo em alguns pontos sobre a tal obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão de jornalista.

O que ficou bem claro para mim foi: a lei da obrigatoriedade pode até não existir. Mas o filtro dentro do mercado não irá se dissipar, ao menos a curto e médio prazo.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Distâncias e diferenças

Quem não quer viajar todo dia? Eu não quero. Porque nem toda viagem é boa meus caros. Estou curtindo demais participar da ECA, da USP e etc e tal. Mas tem uma coisa bem ruim: o transporte.

Moro na zona leste da cidade dessa enooooooorme cidade. E a USP fica na zona oeste. Ou seja: vai-e-volta, sem malícia, mas com muito calor, trânsito, ônibus, leitura, música, estudantes e quase duas horas de percurso.

Lembro quando estava na PUC que uma menina que morava em Vinhedo demorava basicamente o mesmo tempo para voltar para casa que eu, morador de São Paulo. E ela ia de ônibus!

Bom, é fato que eu não moro perto. Não moro no fim da zona leste, mas já é bem longe. E é fato que a USP, sendo longe pra dedéu da minha casa, me faz levar um tempão. Mas vi outra coisa: do lugar onde prestarei serviço nos próximos quinze dias, que é beeeeeem no centro da cidade, chagar à USP demora cerca de uma hora e cinco minutos, segundo o site da SPTRANS. Então a USP é longe mesmo - ou, no mínimo, pouco acessível.

Talvez seja uma metáfora do que é a constituição social ali dentro. Para quem mora nos Jardins, Jaguaré ou Vila Madalena, por exemplo, a USP é super perto. Para mim, ela sempre foi muito longe. Mesmo agora, que eu consegui finalmente entrar, ela continua longe. Curioso não?

Outra coisa é que eu sou quase um tio na sala. Há apenas três (!!!) pessoas acima de vinte anos entre os 30 alunos do primeiro ano, como já contei no post anterior. Cara, impressionante como a galera consegue entrar direto do colégio em um curso tão concorrido. Haja berço.

Seja como for, consegui um freelancer como jornalista da grande mídia por quinze dias. E foi assim que começou o meu dia: com a notícia que eu terei um trabalho desse nas próximas duas semanas. Era o que eu queria.

Curiosamente, consegui meu primeiro trabalho como jornalista exatamente depois de uma, eu disse uma, aula no curso de jornalismo. Talvez por isso eu pareça um estranho na minha sala: não vou de bermuda, vez por outra uso uma camisa, parece que só eu tenho barba... Enfim.

O que eu já pude sentir é que hoje, na minha segunda faculdade, consigo aproveitar e pensar muito melhor o curso. Uma pena que as exigências modernas nos fazem entrar na faculdade com 17 anos. Perdemos uma boa parte do que nos é oferecido simplesmente porque não estamos preparados para ouvir aquilo. Com 24 anos, como estou agora, tudo parece muito melhor, mais claro.

terça-feira, 4 de março de 2008

Jornalismo, dia 1

Foi um dia importante. Na sexta recebi uma convocação para fazer uma prova na segunda para ser repórter em um grande jornal brasileiro. Foi ontem. Exatamente o mesmo dia que começaram as aulas do curso de jornalismo na USP, que eu tanto queria.

Curioso: minha vida profissional como jornalista começou, de certa forma, no mesmo dia que iniciei a vida acadêmica em jornalismo. Uma data, dois inícios, mas ambos totalmente relacionados.

Fiz o teste e achei relativamente fácil. Talvez um pouco pela minha auto-confiança, e certamente uma grande parte porque eu me preparei para isso. Agora era só esperar...

E nem precisei esperar muito. Mais tarde, recebi uma ligação com o editor, me chamando para conversar, me conhecer melhor. Uma espécie de entrevista. Rá! Bingo! Meu teste foi bem feito. Ficou tudo para hoje.

Mas antes tinha o início da faculdade. Ônibus lotado para ir da zona leste à zona oeste, onde fic USP. No ônibus, vários estudantes, muitos com cópias de textos ou mesmo livros. Leitura é uma atividade bem presente no ônibus que vai para a cidade universitária.

Já na sala, começa a aula. Cada nome da chamada diz quantos anos tem. Só quatro acima dos 20 anos de idade, entre os 33 presentes, sendo um aluno antigo da USP. Sobram três ingressantes com mais de 20 anos: uma de 22, outro de 39 e eu, com meus 24.

Eu já conhecia a professora: ela tinha participado da banca examinadora de uma defesa de doutorado que assisti no ano passado. Comentei come ela no fim da aula, ela ficou feliz em saber que eu trabalhava com a doutoranda daquela ocasião.

Durante a aula, ela pergunta quem teve experiência na edição de wiki. Só uma pessoa e eu. A nata da sociedade está lá. Afinal, entrar em um dos cursos mais concorridos da USP com 17 anos, é preciso uma formação muito boa. Infelizmente, só quem tem alguma grana pode ter isso hoje em dia. É uma nata, que entra direto do colégio ou, no máximo, fez um ano de cursinho.

Foi só o primeiro dia, mas já deixou algumas impressões. Veremos como será esse daqui pra frente.

domingo, 2 de março de 2008

A materialização de um sonho

Freqüentemente olho para a minha vida e vejo vários momentos que foram fundamentais na trajetória (para o bem ou o mal, diga-se de passagem). Na maioria das vezes, não temos a dimensão do acontecimento na hora que ele acontece. Mas eu sinto que estou para viver um momento que estará para sempre na minha memória: o início da faculdade de jornalismo, na ECA.

São vários motivos para isso. Primeiro, e mais importante, é porque jornalismo é a minha paixão. Demorei para descobrir, só percebi, de fato, depois que comecei outra faculdade de comunicação. E quando já estava para terminar, já tinha decidido: estudaria jornalismo depois.

Dois anos depois de formado, aqui estou eu, começando outra universidade. Os meus três leitores sabem que não foram dois anos de descanso. Ao contrário, vivi o inferno do vestibular nos dois anos. E terminou da melhor maneira possível: estou na ECA, a mais famosa escola de comunicação do país.

A ECA é uma escola fascinante, e isso eu já percebi de outros carnavais. Fui visitar a escola para assistir à defesa do doutorado de uma das pessoas que mais gosto e me apaixonei, definitivamente, pela ECA. Aquele foi um momento fundamental, que me marcou e me deu muito mais força ainda para continuar os estudos e chegar ao sonho do jornalismo.

Ouvi milhares (exageraaaaado) de críticas ou comentários enfadonhos sobre a escolha da profissão. Muitos jornalistas frustrados lamentaram suas tristezas, dizendo que era uma triste escolha, que trabalha demais, que ganha pouco... Como se eu não soubesse de tudo isso.

A grande diferença que eu costumo dizer que existe é que eu escolhi o jornalismo não (apenas) para ser meu ganha-pão. Até porque eu já tinha outro e, por sinal, me daria muito mais dinheiro. Escolhi o jornalismo para fazer ser a minha diversão, minha profissão, completar a minha existência. Parece uma bobagem idealista, mas cada discurso contra parecia me confirmar isso. E olha que trabalhando no mundinho dos coxinhas (leia-se mundo corporativo) causou vários desses comentários engraçadinhos de administradores, economistas e até colegas de outras áreas.

Estou diante de um desses momentos que ficarão para sempre. Vão começar as aulas na ECA nesta segunda-feira. É um momento fundamental nessa caminhada de jornalismo, que já tem outros rumos surgindo. O ano começou excelente para mim nesse aspecto profissional, mesmo que isso não signifique ganhar dinheiro - aliás, até ao contrário. Mas a satisfação, ah, essa ninguém tira de mim.

A seguir, cenas do próximo capítulo.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Redondo e afins


Estava hoje conversando com uma colega ecana sobre o tradicional jogo entre calouros e veteranos que haverá na semana que vem, na ECA quando surgiu na conversa uma comunidade do orkut chamada Penúltimo a ser escolhido. A descrição da comunidade é absolutamente genial:
Aula de educação física: hora de estabelecer definitivamente quem é quem na complicada estrutura social da sexta série. Você, um cara legal, gente boa, não pega mulher e coisa e tal. Os quatro capitães, com certezas dignas de um Luxemburgo da vida escolhem seus preferidos no futiba num espetáculo cuja previsibilidade sempre te assustou. O tempo vai passando, você se vê junto de um monte de nerds de tênis de basquete cano alto, vê sua situação se complicando cada vez mais. Finalmente, num instante de pura magia, o capitão te olha desconfiado dos pés à cabeça e te chama. Com a impáfia que apenas os fracos tem a coragem de demonstrar, você vai para junto de seu escrete olhando com ar de superioridade os pernas de pau que até um segundo antes compartilhavam da sua agonia. Você é o penúltimo a ser escolhido no seu time. Tendo passado por esta barra, você calmamente compõe a zaga durante os próximos 45 minutos, e ainda tem moral pra esculachar o babaca que ficou por último. A vida é doce.
Mesmo sem nunca ter sido craque de bola, sempre foi um dos primeiros a serem escolhidos na pelada. Mas o texto é muito bom! haha

E finalmente eu vou voltar a jogar bola! Já tinha virado quase um ex-jogador, mas agora a ECA vai resgatar a minha veia futebolística. Quando eu jogava, meu ídolo era o Fernando Redondo, volante argentino que jogou no Real Madrid e no Milan. Hoje, estou parecendo com ele mais pelo nome do que pelo futebol, mas enfim! hehe

De volta às quadras!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Signo, significado, significante

Obviamente que não quero falar dessa chatice que é semiótica. Estudei (obrigado) na faculdade e não pretendo repetir a experiência, a não ser que exista uma grande necessidade.

Quero falar aqui do significado consagrado da palavra signo, que é aquela coisa esotérica (alguns dizem que é científica, mas enfim). Aquela, que sua namorada lê no jornal e depois comenta com você, sabe? Ah, você quem lê e comenta? Whatever, é isso aí mesmo.

Leiam isso:
AQUÁRIO - O Amado. Otimista e honesto. Doce personalidade. Muito
independente. Inventivo e inteligente. Amigável e leal. Pode parecer não
emotivo. Pode ser um pouco rebelde. Muito teimoso, mas original e sem
igual. Atraente no lado de dentro e fora. Personalidade excêntrica. 11
anos de azar se você não remeter.

"Otimista". Eles precisam rever os conceitos. Sou tão negativo que se houver um imã com lado positivo virado pra mim, eu atraio.
"Doce personalidade". A única forma de usar isso comigo é para ser irônico.
"Personalidade excêntrica". Se ainda fosse personalidade forte, vá lá, temperamento difícil, ok. Mas excêntrica? Hum, não.

Também não vou dizer que é pura besteira. Vá lá, sou muito teimoso mesmo. MUITO. Um pouco rebelde? Sim, acho que sim. Minha amiga Tati diria que eu sou "revolucionário". Inventivo? Forçando um pouco, dá para aceitar. Original? Bom, se o anterior for verdadeiro, isso é bem possível.

Esse negócio de signo é como eu costumo dizer: eles jogam um monte de coisa. Uma ou outra vai grudar em você e fazer algum sentido. Então, você acredita no resto.