domingo, 29 de outubro de 2006

Será que todo dia vai ser sempre assim?

Há meses que venho na mesma balada: acordo cedíssimo, corro com o trabalho durante o dia todo, vai pra aula à noite. Chega o tão sonhado fim de semana! É claro que ele é para... estudar!

Mas o cansaço impede que a dedicação seja plena. Abri mão de tantas, tantas coisas que eu não poderia sequer contar quantas foram. Convites e mais convites negados, programas e mais programas perdidos.

Perdidos? Não, acho que não.

Os estudos não dendem como eu queria. Aquela hora antes da aula ajuda muito. O fim de semana não rende como eu quero. Primeiro, porque o cansaço é grande de semanas bastante corridas. Segundo, porque a carga é enorme.

Venho a dizer: eu adoro estudar! Não reclamo de nada, faço porque eu gosto! E o faço porque tenho objetivo. Tenho um sonho, persigo-o com a ferocidade de um lobo à caça.

Agora, falta menos de um mês para o primeiro round, as eliminatórias que vão definir quem vai para a Copa do Mundo em janeiro. Dentro os pouco mais de 130 mil, espero estar entre os finalistas.

Inconscientemente consciente

Domingo de céu claro, poucas nuvens, pássaros cantando e sol. Acordo cedo, depois de uma rara noite de descanso. É hora de colocar as coisas em dia, buscar o caminho que chegue perto do objetivo - propositalmente colocado em um lugar quase impossível de ser alcançado, para que a busca por melhoria nunca acabe.

Hora de digitar dois número que decidem quem estará à frente do país nos próximos quatro anos. Diferente do primeiro turno, quando o voto nulo foi a sensação terrível de anti-cidadania e de-serviço à sociedade, desta vez o voto foi válido.

Falar sobre ideais e sonhos é bastante propício em um dia de eleição. Os ideais perdidos nas urnas, os sonhos que ainda são apenas sonhos na cabeça e a imensa vontade de mudar tudo ao redor. A busca, contudo, é mudar a si mesmo, aprimorar e aí sim tentar mudar tudo ao redor.

Ideologia. Palavra pouco palpável e desprezível para muitas pessoas. Que isso não existe na maioria eu até entenderia, embora acredite que as ligações que foram cortadas. Assim como os sonhos. Ninguém é capaz de destruir nossos sonhos, a não ser nós mesmos. O que nos tiram é a esperança de alcançá-los, chegar onde nossas mente nos leva quando fechamos os olhos.

Esta foi uma noite que mil coisas passaram pela minha cabeça. Da morte de um primo, um jovem com um quarto de século vivido, à preocupação por se preparara bem para a batalha que se aproxima cada vez mais - já falta menos de um mês. Além de preocupações, digamos, menores, tais como olhos que passeiam pelos sonhos, sorrisos que dão alegria, beleza admirada de longe, desejos guardados secretamente, beijos que vagam apenas no fechar dos olhos, no mundo de Orfeu.

Ainda há o fardo durante a semana, a loucura, a raiva, insanidade, ódio, desgosto, desmotivação, infelicidade. Tudo junto em um mesmo pedaço de lugar, onde tudo parece conspirar contra. Um lugar de paredes brancas, pintadas mentalmente de vermelho com meu sangue, arrancado sem meu consentimento. A mais-valia de Marx vivida cada dia, com a crueldade dos donos de fábrica do início da Revolução Industrial. A necessidade me faz suportar todo o peso que esse fardo traz. Falta pouca, digo a mim mesmo.

Limpo a mente para me dedicar onde preciso. Tento escapar da dor de perder alguém de seu próprio sangue, mesmo que não seja tão próximo. Tento me esconder das cerimônias de lamentação coletivas e me dedicar aos prismas, cones, cilindros, reações orgânicas, genética, elétrica, movimentos uniformemente variados, colisões, conflito árabe-israelense...

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Nem sempre há um fim

Cazuza - O Tempo Não Pára
composição: Breno Luz / Rafael Luz

Disparo contra o sol 
Sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou um cara

Cansado de correr na direção contrária
Sem pódio de chegada
Ou beijos de namorada
Eu sou mais um cara

Mas se você achar que eu estou derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o tempo não pára

Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta

A tua piscina está cheia de ratos
Suas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára, não pára não, não pára

domingo, 1 de outubro de 2006

O dia da morte do voto


Esta foi, sem dúvida, a eleição mais difícil das poucas que eu já tive. Nas outras, estava tão envolvido, trabalhei como mesário tinha certeza do meu voto. Desta vez foi diferente. Desde o começo, foi difícil escolher um candidato.

Só nesta semana, a última, defini alguns dos meus votos. Mas ainda assim, a falta de definição em relação a que candidato votar para presidente me preocupava. A preocupação continou durante todo o tempo, inclusive durante votação e mesmo depois dela. Voltei para casa com um peso de não ter escolhido um candidato, mas com a consciência que este foi um voto escolhido.

Não sou dos que acham que voto nulo é protesto. Para mim continua sendo abstenção. Por isso me senti tão mal ao me ver na situação de não gostar de nenhum candidato e ter que usar deste artifício.

Para todos os demais, consegui votar - ainda que com muita dificuldade. O peso do voto nulo me atormentou durante toda a campanha. Não me arrependo. Mas é muito difícil chegar a essa situação política no país.

Mais difícil ainda será votar no segundo turno. É muito difícil ponderar os lados, todos os itens que devem ser estudados. Pelo menos eu já sei em quem eu não votar - o que significa saber se meu voto será válido ou não.

E dá-lhe sentir-se mal novamente por isso.