sexta-feira, 19 de maio de 2006

Crise

Um dia que parecia "normal". Em uma metrópole como São Paulo, os abalos causados pelo medo e terror da segunda-feira são graves, e não passa de uma hora para outra. Ainda assim, parecia que a cidade voltava ao seu ritmo normal. Voltava ao seu ritmo 24 horas online.

Boatos. O diz-que-me-diz de dois dias atrás, mas dessa vez à noite, em pelo intervalo entre a última e a penúltima aula. "O bicho tá pegando", dizia alguém. Entre brincadeiras e preocupação, a aula seguiu.

O trajeto até chegar em casa é bem vazio. Até porque às 23 horas as pessoasnão costumam mesmo estar na rua. Os comércios já fecharam, e em um bairro residencial, só se ouve o silêncio do vazio.

Neste dia, não quis fazer o trajeto com trilha sonora, como tinha feito no dia anterior. Queri estar 100% ligado. Afinal, tinha recebido notícias de que uma delegacia havia sido atacada em Osasco. Universidades, como a PUC, encerraram as atividades mais cedo, temendo um possível ataque noturno na cidade.

Entre um passo e outro, uma olhada para os lados. Engraçado que medo talvez não seja a palavra para esta situação. Até porque andar sozinho na rua tarde da noite não era novidade pra mim. Já trabalhei à noite, e andava sempre tarde da noite nas ruas vazias.

Tensão. Essa é a palavra. O sentimento. Andar com os olhos ligados, os ouvidos atentos a qualquer ruído.

Ao chegar na rua de uma delegacia, eu constato: algo poderia acontecer, de fato. A rua estava fechada, isolada pelos policiais. Viaturas e mais viaturas espalhadas, com policiais armados com escopetas e armas calibre 12. Todos a postos, esperando mesmo algo.

Mais 10 minutos de caminhada, e estava em casa. Sã e salvo. Não esperava nada diferente, mas a sensação de estar na rua sabendo que ataques podem acontecer não é bom. Refém da cidade em crise.

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